São Paulo, domingo, 12 de junho de 2005

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Com crise, Lula cogita até lançar Palocci à eleição

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de a intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda ser a de disputar a reeleição em outubro de 2006, ele já admite em conversas reservadas passar a tarefa ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho.
Tal hipótese, remota, seria opção no caso de a crise política não ser superada satisfatoriamente. Ao cogitá-la, Lula envia um recado ao PT na hora em que julga o partido o maior culpado por seus problemas. Ele sinaliza ainda que considera grave o momento, a ponto de desistir da reeleição.
Desde que assumiu, em 2003, Lula diz em encontros descontraídos com auxiliares que tem dúvida em relação a um segundo mandato. Pela experiência pregressa no Brasil, a do tucano Fernando Henrique Cardoso, Lula acha que o segundo termo tende a ser pior que o primeiro.
Em setembro de 2003, Lula disse que Palocci seria seu nome no caso de não disputar a reeleição. Na última semana, num contexto de contrariedade com o PT e de recrudescimento da crise após entrevista à Folha de Roberto Jefferson, Lula voltou a falar na possibilidade de bancar Palocci.
É recomendável, porém, relativizar o peso dessa afirmação. Quando Lula está contrariado com o PT, costuma ameaçar não se candidatar. Assim, pressiona o PT ao lembrá-lo de que seu carisma e popularidade ainda são o maior trunfo eleitoral do partido.
Na última pesquisa Datafolha, publicada no domingo, a aprovação a Lula ainda se manteve alta, apesar de ter caído 10 pontos em seis meses. Sua avaliação foi levemente pior que a de FHC no mesmo período de governo.
A Folha apurou que já há gente de confiança do presidente preparando pesquisa na qual Palocci aparece em simulações. Na avaliação de Lula, o ministro é, depois dele, o único membro do PT com condições de realizar ampla aliança com partidos e trazer para esse campo a parcela do empresariado que flerta com a volta do PSDB ao poder central. Ou seja, se a alternativa mais competitiva a Lula é um político tucano, como FHC, Geraldo Alckmin ou José Serra, o petista com perfil mais parecido ao desses postulantes é Palocci. (KA)

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