São Paulo, domingo, 12 de junho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"

Ministro da Fazenda diz em Londres que choque político não afeta investimentos e que dificuldades serão resolvidas "nos próximos meses"

Palocci cita crise política em reunião do G-8

JULIANNA SOFIA
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES

Em um discurso a ministros da Economia dos sete países mais ricos do mundo, o ministro Antonio Palocci (Fazenda) fez referência à crise política no Brasil e disse que as dificuldades deverão ser superadas nos próximos meses. Segundo ele, só depois disso o governo poderá completar as reformas econômicas que dependem do Congresso Nacional.
"Nos próximos meses, devemos superar as dificuldades políticas, que são comuns em todas as democracias, e completar uma série de reformas internas voltadas para o aperfeiçoamento da nossa economia", declarou Palocci.
Ele esteve reunido ontem em Londres com os ministros dos países do G-8 (EUA, Grã-Bretanha, Alemanha, França, Canadá, Japão e Itália -os países mais ricos do mundo-, mais a Rússia). Os ministros da China, Índia, África do Sul e do Brasil foram convidados para a reunião.
Ao sair do encontro, em resposta a questões levantadas por jornalistas estrangeiros, Palocci disse que a crise não afetará os investimentos externos no país, pois os "fundamentos da economia são muito mais fortes que eventuais conflitos políticos". Ele acrescentou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já declarou que não admite que haja no governo leniência no combate à corrupção.
"A corrupção não é um problema apenas dos países em desenvolvimento, países ricos e pobres, todos convivem com problemas dessa ordem. O mais importante é que sejam tomadas medidas estruturais para que as instituições democráticas possam agir de maneira adequada", disse.
No encontro com os ministros, Palocci destacou que o Brasil já consolidou importantes pilares para o desenvolvimento sustentado, como o controle da inflação, a manutenção das contas públicas em ordem, além do bom desempenho das contas externas.
O ministro aproveitou para reforçar a posição brasileira contrária à intenção de transformar o FMI (Fundo Monetário Internacional) em um organismo supervisor das economias emergentes. O Brasil defende que o Fundo tenha um papel maior na prevenção de crises financeiras globais.
Questionado pelos jornalistas se o arrocho monetário promovido pelo Banco Central continuará, o ministro disse que essa é uma "questão sensível no Brasil, que deve ser administrada de maneira técnica". "Em um determinado momento o Copom [Comitê de Política Monetária] deverá suspender o aumento de juros."
No início da tarde, o ministro conversou com o novo presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, que deverá visitar o Brasil no segundo semestre. No encontro, Palocci pediu que países com sistemas contábeis transparentes e que já tenham demonstrado responsabilidade fiscal passem a receber tratamento diferenciado na contratação de financiamentos.
"Hoje, o banco tem uma estrutura de financiamento bastante complexa. Os países que avançaram na sua estrutura financeira e contábil devem contar com uma facilidade maior nos empréstimos do Banco Mundial", disse.

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