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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"
Ministro da Fazenda diz em Londres que choque político não afeta investimentos e que dificuldades serão resolvidas "nos próximos meses"
Palocci cita crise política em reunião do G-8
JULIANNA SOFIA
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES
Em um discurso a ministros da
Economia dos sete países mais ricos do mundo, o ministro Antonio Palocci (Fazenda) fez referência à crise política no Brasil e disse
que as dificuldades deverão ser
superadas nos próximos meses.
Segundo ele, só depois disso o governo poderá completar as reformas econômicas que dependem
do Congresso Nacional.
"Nos próximos meses, devemos
superar as dificuldades políticas,
que são comuns em todas as democracias, e completar uma série
de reformas internas voltadas para o aperfeiçoamento da nossa
economia", declarou Palocci.
Ele esteve reunido ontem em
Londres com os ministros dos
países do G-8 (EUA, Grã-Bretanha, Alemanha, França, Canadá,
Japão e Itália -os países mais ricos do mundo-, mais a Rússia).
Os ministros da China, Índia,
África do Sul e do Brasil foram
convidados para a reunião.
Ao sair do encontro, em resposta a questões levantadas por jornalistas estrangeiros, Palocci disse
que a crise não afetará os investimentos externos no país, pois os
"fundamentos da economia são
muito mais fortes que eventuais
conflitos políticos". Ele acrescentou que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva já declarou que não
admite que haja no governo leniência no combate à corrupção.
"A corrupção não é um problema apenas dos países em desenvolvimento, países ricos e pobres,
todos convivem com problemas
dessa ordem. O mais importante
é que sejam tomadas medidas estruturais para que as instituições
democráticas possam agir de maneira adequada", disse.
No encontro com os ministros,
Palocci destacou que o Brasil já
consolidou importantes pilares
para o desenvolvimento sustentado, como o controle da inflação, a
manutenção das contas públicas
em ordem, além do bom desempenho das contas externas.
O ministro aproveitou para reforçar a posição brasileira contrária à intenção de transformar o
FMI (Fundo Monetário Internacional) em um organismo supervisor das economias emergentes.
O Brasil defende que o Fundo tenha um papel maior na prevenção de crises financeiras globais.
Questionado pelos jornalistas se
o arrocho monetário promovido
pelo Banco Central continuará, o
ministro disse que essa é uma
"questão sensível no Brasil, que
deve ser administrada de maneira
técnica". "Em um determinado
momento o Copom [Comitê de
Política Monetária] deverá suspender o aumento de juros."
No início da tarde, o ministro
conversou com o novo presidente
do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, que deverá visitar o Brasil no
segundo semestre. No encontro,
Palocci pediu que países com sistemas contábeis transparentes e
que já tenham demonstrado responsabilidade fiscal passem a receber tratamento diferenciado na
contratação de financiamentos.
"Hoje, o banco tem uma estrutura de financiamento bastante
complexa. Os países que avançaram na sua estrutura financeira e
contábil devem contar com uma
facilidade maior nos empréstimos do Banco Mundial", disse.
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