|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ÁREA SOCIAL
Programa de apoio a quilombo está paralisado
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
Anunciado pelo governo Lula
no fim de 2003 como a primeira
política federal voltada para a
promoção das comunidades negras rurais, o programa Brasil
Quilombola sofre com a paralisia.
Segundo levantamento da ONG
Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), dos R$ 49,8 milhões reservados ao programa
nos Orçamentos de 2004 e 2005,
só 9,7% foram gastos até a primeira metade de maio deste ano.
Em 2004, primeiro ano em que
o programa vigorou, foram autorizados gastos de R$ 19,4 milhões,
divididos entre os orçamentos da
Presidência e dos ministérios da
Saúde, da Educação e do Desenvolvimento Agrário. Do total, só
R$ 4.857.480 foram investidos, o
que equivale a 25% da verba.
Neste ano, apesar de a verba ter
aumentado 56,8% em relação a
2004, o arrocho e a paralisia continuam a atingir o programa. Dos
R$ 30,4 milhões no Orçamento de
2005, apenas R$ 3.807 (0,01% do
total) foram gastos até 13 de maio.
As ações do programa estão distribuídas em três pastas e a Presidência, à qual está vinculada a Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial. A
maior parte da verba está vinculada ao Desenvolvimento Agrário,
que executa a política fundiária
(titulação de áreas e indenizações
aos ocupantes das terras).
Em 2004, R$ 15 milhões, ou
78,9% do dinheiro destinado ao
Brasil Quilombola, estavam nas
mãos do MDA e do Incra. Desse
total, R$ 1,8 mi (12,7%) foi gasto.
Para 2005, o ministério tem
R$ 20,8 milhões, ou 68% da verba
para o ano. Até a primeira metade
de maio, segundo o Inesc, o MDA
havia gasto R$ 3.807 com "reconhecimento, demarcação e titulação de áreas". Era a única despesa
feita este ano até então.
"Falta gente qualificada para fazer o trabalho. Embora tenham
dinheiro, o que a gente percebe é
que eles ficam patinando sobre
como fazer", disse José Augusto
Sampaio, coordenador do grupo
sobre quilombos da Associação
Brasileira de Antropologia.
Segundo a Fundação Palmares,
há cerca de 1.883 quilombolas no
país, onde vivem quase dois milhões de pessoas. Dos remanescentes, 119 tiveram as terras tituladas desde 1994. Na gestão Lula,
foram só duas titulações.
Outro lado
A Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial e o Incra negaram que o
programa esteja paralisado. Segundo os órgãos, grande parte do
Orçamento deste ano já está empenhada e os gastos serão intensificados no segundo semestre.
Segundo o subsecretário de política para comunidades tradicionais da Seppir, Carlos Eduardo
Trindade, desde a segunda quinzena de maio a pasta executou R$
618,4 mil, 11% da verba destinada
ao programa (R$ 7,029 milhões).
O diretor de ordenamento fundiário do Incra, Marcos Alexandre Kowarick, disse que, apesar
de criado há um ano e meio, o
programa é novidade para os funcionários, que ainda estão "num
processo de acumulação de conceitos e conhecimentos para ganhar velocidade de produção".
Texto Anterior: Palocci cita crise política em reunião do G-8 Próximo Texto: Evento Folha: CNJ deve diagnosticar deficiências da Justiça Índice
|