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EVENTO FOLHA
Em debate na 2ª feira, especialistas também concluíram que conselho tornará Poder mais eficiente; jornalista lançou livro
CNJ deve diagnosticar deficiências da Justiça
DA REPORTAGEM LOCAL
Além de atender a denúncias de
fraudes e corrupção, um dos principais objetivos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) será diagnosticar pontos deficientes e tornar o sistema judiciário brasileiro
mais efetivo e célere.
Essa é uma das principais conclusões de um debate promovido
sobre o assunto na Folha.
"O Conselho Nacional será um
órgão de formulação de uma política para retomar a eficiência do
sistema judiciário, para mostrar
que nós estamos tratando hoje de
questões macro em relação ao Judiciário", afirmou o presidente do
STF (Supremo Tribunal Federal),
Nelson Jobim, durante o evento,
na segunda-feira.
O debate, realizado para discutir o controle externo do Poder Judiciário, contou com a participação de Jobim, do procurador-geral de Justiça do Estado de São
Paulo, Rodrigo César Rebello Pinho, do advogado tributarista e
professor Ives Gandra da Silva
Martins e do jornalista da Folha
Frederico Vasconcelos, autor do
livro "Juízes no Banco dos Réus"
(Publifolha), lançado na ocasião.
A mediação do evento ficou a
cargo do advogado Luís Francisco
da Silva Carvalho Filho.
Eficiência
Jobim ressaltou que o CNJ deve
desenvolver uma "política nacional de eficiência" para o Judiciário, além de criar mecanismos para atender as denúncias de fraudes e corrupção que chegarem ao
conselho. Para Carvalho Filho, o
Brasil tem hoje uma tradição
"muito tênue" de controle dos
atos da magistratura.
"Os poderes Executivo e Legislativo sempre foram controlados
pela imprensa com extremo rigor.
Em relação ao Poder Judiciário,
isso jamais existiu", disse. Para
ele, o trabalho jornalístico e o novo livro de Vasconcelos representam "um rompimento dessa tradição", afirmou.
Para o procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, o CNJ
e o Conselho Nacional do Ministério Público são "órgãos fundamentais de fiscalização sobre um
poder que não tinha um controle
democrático sobre eles".
"Eu entendo que os conselhos
atendem a uma demanda da sociedade brasileira. Em um Estado
republicano, todas as instituições
devem prestar contas de seus
atos", afirmou Pinho.
Na ocasião, Gandra Martins reforçou sua posição contrária à
criação do CNJ. Para o professor,
o mais adequado seria promover
uma melhora substancial das corregedorias de Justiça.
"Em países parlamentaristas, vi
o controle externo funcionar
muito bem, já que nesse tipo de
governo não há nítida separação
entre os Três Poderes. No sistema
presidencial, em que nós falamos
de uma clara separação de poderes, eu não aceito", disse.
Em sua exposição, o jornalista
Vasconcelos fez questão de ressaltar que, "embora tenha escrito
muito sobre irregularidades e corrupção no Judiciário, estou convencido de que juízes corruptos
são minoria. Eu acho que o que a
sociedade está exigindo é uma
Justiça mais célere e eficiente".
Nelson Jobim apresentou uma
série de dados, como números de
processos acumulados e atrasos
em julgamentos, para reforçar a
necessidade de tornar o sistema
judicial mais eficiente.
"O STF, por exemplo, tem 106
mil processos em andamento,
sendo que apenas 45 temas empatam 98 mil desses processos. Se
nós partirmos para uma gestão
vinculada à temática e não ao processo em si, individual, teremos
condições de chegar a um sistema
muito mais eficaz", disse.
Jobim afirmou ainda que o novo órgão terá sua sede no STF,
contará com 30 funcionários, os
15 conselheiros e mais uma equipe de quatro a cinco funcionários
dedicados a pesquisas.
Juízes no Banco dos Réus
Autor: Frederico Vasconcelos
Editora: Publifolha
Quanto: R$ 44 (368 págs.)
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