São Paulo, Sábado, 12 de Junho de 1999
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GOVERNO
Secretaria da Segurança do Maranhão comprovou agressões em laudo feito a pedido da Igreja Católica
Laudos confirmam agressões a ex-padre

da Agência Folha, em Fortaleza

Dois laudos feitos por médicos da Secretaria da Segurança Pública do Maranhão e da Arquidiocese de São Luís afirmam que o professor universitário de Filosofia e ex-padre José Antonio Magalhães Monteiro foi vítima, em 1970, de agressões no período em que esteve preso sob a guarda do atual diretor-geral da Polícia Federal, João Batista Campelo.
Monteiro foi preso por Campelo no dia 3 de agosto de 70, em Urbano Santos (MA), e ficou detido de forma incomunicável até o dia seguinte, em São Luís. Como havia denúncias de que ele estava sendo torturado, a arquidiocese pediu que fosse feita uma perícia.
No dia 14 de agosto, a Polícia Federal autorizou os exames. Um laudo foi assinado pelos médicos da Secretaria de Segurança Pública Artur Pimenta Perdigão, Carneiro Belfort e Israel Perdigão Freire. O outro, pelo padre João Moana, médico indicado pela Igreja Católica.
O laudo assinado pelos médicos da Secretaria de Segurança começa com Monteiro dizendo que tinha sido ""esbofeteado, amarrado nos pulsos e nos pés e suspenso do solo". Em seguida, o laudo diz que o exame comprovou escoriações nos pulsos, nos pés e no rosto de Monteiro. Assim como o laudo assinado por Moana, o dos médicos diz que ele foi vítima de agressões por ""objeto contundente".
A denúncia sobre a prisão e a tortura de Monteiro foi relatada em nota da Comissão Episcopal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil do Nordeste 1 (Ceará, Piauí e Maranhão), datada do dia 25 de agosto de 1970.
Assinada por 15 bispos, a nota registra também prisão do padre Xavier Gilles, atual bispo de Viana (MA), e relata que Monteiro foi ""amarrado nos punhos e nos pés, pendurado num pau que ia de uma janela a uma mesa".
Monteiro negou que tenha delatado o diretor-geral da Polícia Federa na época em que os dois estudaram em seminário em São Luís (MA). ""Isso é uma piada de mau gosto. É uma mentira deslavada. É preciso ter muita cara-de-pau para inventar essa história."


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