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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Burocracia retarda arrecadação de verba para as campanhas
Sem registro de pessoa jurídica, exigido pela lei, candidatos não são autorizados a receber doações nem a realizar despesas
Alckmin e Lula estão
entre os afetados por atraso; TSE responsabiliza Receita Federal, que nega existência de problemas
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Oficialmente, a campanha
ainda não começou para o tucano Geraldo Alckmin e só começará hoje para o petista Luiz
Inácio Lula da Silva. Os dois
principais adversários na corrida presidencial foram afetados
por um atraso em sua inscrição
no CNPJ (Cadastro Nacional
de Pessoa Jurídica). E, sem ele,
os comitês não podem arrecadar recursos ou realizar despesas em nome da campanha.
A Receita Federal tem até 48
horas, em dias úteis, para a concessão do CNPJ dos candidatos, a partir do momento em
que recebe os dados da Justiça
Eleitoral.
Como o prazo final para os
partidos registrarem seus candidatos foi 5 de julho, última
quarta-feira, a expectativa era
que a situação estivesse regularizada na sexta-feira. Mas não
foi o que aconteceu pelo país.
O comitê financeiro do PT só
recebeu ontem sua inscrição, e
ainda espera a do candidato Lula. O PSDB e Alckmin ainda não
foram contemplados -por isso,
o comando da campanha ainda
não conseguiu fechar, por
exemplo, o aluguel da sede do
comitê em Brasília. Nem o material de campanha, como cartazes, foi formalmente encomendado. Para a viagem de
amanhã de Alckmin a Belém,
gráficas produziram como
"amostras" (sem remuneração)
500 cartazes e 800 adesivos.
Sentindo-se prejudicados, os
tucanos decidiram entrar com
uma petição no Tribunal Superior Eleitoral. Nela, segundo o
advogado Ricardo Penteado,
pedem a concessão imediata do
CNPJ e a apuração das causas
do atraso.
Segundo o secretário-adjunto de Comunicação do PT,
Francisco Campos, o comitê financeiro da campanha de Lula
obteve o CNPJ somente no fim
da tarde de ontem. Por isso, a
confecção de convites para o
jantar de amanhã com o candidato, em São Bernardo do Campo, teve de ser lançado como
despesas a pagar.
Segundo informações do site
da própria Receita, boa parte
dos candidatos a governador só
obteve o CNPJ ontem.
Foi o caso de Aécio Neves
(PSDB) e Nilmário Miranda
(PT), em Minas, e de Aloizio
Mercadante (PT) e José Serra
(PSDB), em São Paulo. Até a
tarde, o comando da campanha
do PSDB paulista ainda aguardava a inscrição para poder alugar um depósito de material e
pedir a instalação de telefones.
No Rio Grande do Sul, a inscrição do peemedebista Germano Rigotto e da tucana Yeda
Crusius também era de ontem.
O problema se repetiu em Pernambuco, no Ceará e na Bahia.
A assessoria do TSE responsabilizou a Receita pelo atraso.
Pelo modelo descrito pela assessoria, os partidos passam os
dados para os TREs, que os lançam num cadastro. Seis vezes
ao dia, o TSE capta os dados do
cadastro e os repassa à Receita.
O secretário-adjunto da Receita, Paulo Ricardo Cardoso,
negou qualquer problema na
concessão do CNPJ. Segundo
resposta encaminhada pela assessoria, Ricardo disse que "a
única possibilidade de não concessão de CNPJ é quando o
CPF do candidato ou do responsável pelo comitê está cancelado ou não existe".
Na página da Receita, não é
possível consultar o CNPJ das
campanhas à Presidência sem o
CPF dos candidatos. Para governador, basta informar o número do partido e o Estado pelo
qual disputa.
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