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Relatório aponta lobby em fusão de teles
Segundo a PF, o petista Luiz Eduardo Greenhalgh procurou a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) para beneficiar Dantas
No documento, o delegado Protógenes Queiroz afirma que o ex-deputado "transita nos subterrâneos" dos gabinetes do STJ e do STF
DA REPORTAGEM LOCAL
No relatório da Operação Satiagraha, a Polícia Federal afirma que o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, quatro vezes
eleito deputado federal (1987-2007) pelo PT, fez "tráfico de
influência" e "lobby" com a ministra da Casa Civil, Dilma
Rousseff, em torno da venda da
companhia telefônica Brasil
Telecom para a Oi.
De acordo com a PF, o ex-deputado agia em benefício do
banqueiro Daniel Dantas.
O compromisso de venda da
Brasil Telecom foi assinado em
25 de abril. Segundo cálculos de
especialistas, Dantas recebeu
mais de US$ 1 bilhão por sua
parte na empresa telefônica.
De acordo com o relatório de
26 de junho do delegado Protógenes Queiroz, ao qual a Folha
teve acesso, a participação de
Greenhalgh foi "fundamental
na criação da Supertele, gentilmente elogiada por todos do
grupo, em especial pelo cabeça
da organização, D. Dantas".
"Devido à sua condição anterior de ex-deputado federal e
membro do PT, freqüenta a ante-sala do gabinete da Presidência da República, buscando
apoio para negócios ilícitos do
grupo, notadamente no gabinete da ministra da Casa Civil,
Dilma Rousseff, e do chefe de
gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e
intimamente próximo ao ex-ministro da Casa Civil José
Dirceu", diz o relatório de
Queiroz sobre Greenhalgh.
Para o delegado, Greenhalgh
"transita nos subterrâneos dos
gabinetes dos ministros do STJ
[Superior Tribunal de Justiça]
e STF [Supremo Tribunal Federal] em busca de decisões favoráveis ao grupo".
Dilma, tratada nas interceptações telefônicas como "Margaret", possível referência à ex-primeira ministra do Reino
Unido Margaret Thatcher, teria sido procurada por Greenhalgh em março, um mês antes da venda da empresa.
Num primeiro momento
Dilma teria dito "não" ao ex-deputado. De acordo com a Polícia Federal, Greenhalgh disse
a Humberto Braz, envolvido na
tentativa de suborno dos delegados da PF, que Dilma teria
mandado "o recado" de que "eu
[ministra] não quero falar sobre esse assunto, que o governo
já se meteu demais".
Numa conversa com Guilherme Sodré, o Guiga, que
atuaria como assessor de Dantas, Greenhalgh teria dito que
contou a Dilma "a conclusão do
episódio "daquela situação"
(acordo entre Citi e Dantas) e
agradecendo à ministra". Segundo a PF, o advogado falava
"de um acordo a ser fechado
com o Citibank para possibilitar a venda da Brasil Telecom".
Fechado o acordo, anunciado por Dantas num telefonema
de 27 de março para Guiga, o
grupo passou a dar felicitações
a aliados. Guiga telefonou para
o senador Heráclito Fortes
(DEM-PI) para dizer, segundo
a PF, "que tudo foi resolvido e
que todas as pendências foram
resolvidas, agradecendo a
grande ajuda do senador".
Três minutos depois, Guiga
ligou para o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira
Lima (PMDB-BA), para dizer
que Daniel Dantas "mandou
um grande abraço".
No relatório, o delegado
Queiroz levanta a suspeita de
que Greenhalgh obteve informações sobre o comportamento do ministro Sidnei Beneti,
do STJ (Superior Tribunal de
Justiça), no julgamento de um
processo de interesse do banqueiro. O ex-deputado telefonou para o assessor de Dantas
para dizer que iria se reunir
com Beneti antes da sessão e
que um ministro iria pedir vistas do processo, o que de fato
ocorreu, horas depois.
(CAROLINA ARAÚJO, CONRADO CORSALETTE, RANIER BRAGON E RUBENS VALENTE)
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