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Greenhalgh ofereceu a banqueiro plano para tentar melhorar relação com o PT
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO
Procurado por Daniel Dantas
no final do ano passado, o ex-deputado petista Luiz Eduardo
Greenhalgh ofereceu um plano
para tentar melhorar a relação
do banqueiro com o PT: se dispôs a tentar acordos com integrantes do partido que movem
ações contra Dantas, num passivo judicial que vem desde a
época das privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Tal relato foi feito pelo próprio Greenhalgh a colegas petistas nos últimos dias. Não há
registro de que tenha obtido
êxito. O responsável por sua
contratação foi o braço direito
de Dantas, Humberto Braz, que
está foragido desde que a Polícia Federal iniciou as prisões da
Operação Satiagraha.
Greenhalgh foi pego no
grampo da PF pedindo ajuda ao
chefe-de-gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, justamente após Braz ter constatado que estava sendo seguido
por investigadores da operação. Carvalho se prontificou a
ajudar o colega, o que motivou
os policiais a também pedirem
a prisão de Greenhalgh por
atuar em favor do banqueiro no
Palácio do Planalto. A Justiça,
no entanto, negou o pedido.
Logo depois de estourada a
operação da PF, o ex-deputado
petista ligou para o ministro da
Justiça, seu colega de sigla Tarso Genro. A Folha apurou que
o diálogo foi duro. Segundo relatos de quem conversou com
Greenhalgh nos últimos dias,
ele teria dito a seguinte frase a
Tarso: "Se eu fosse o ministro,
não faria isso com você".
A assessoria do Ministério da
Justiça não quis comentar.
Disse apenas que Tarso orientou Greenhalgh a formalizar as
reclamações que tinha a fazer.
Segundo o advogado Nélio
Machado, responsável por defender Dantas, o ex-deputado
petista também trabalhará no
caso. Segundo ele, Greenhalgh
ligou para Tarso na condição
de advogado e "cidadão", e não
como alguém que mantém relações políticas com o governo.
Na versão apresentada por
Gilberto Carvalho, Greenhalgh
não o informou de que Braz era
ligado ao banqueiro Daniel
Dantas. Em telefonema, Greenhalgh pediu a Carvalho que
checasse se a Abin (Agência
Brasileira de Inteligência) investigava Braz.
Na conversa, o ex-deputado
ainda pede ao chefe-de-gabinete que procurasse Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da Polícia Federal.
Carvalho teria dito que não
falou sobre o caso com o diretor-geral da PF. Ele estava de
férias e retornaria ao trabalho
na segunda-feira. Até as 19h de
ontem, ele não havia respondido recados da Folha.
Por meio de sua assessoria,
Corrêa disse que se encontra
freqüentemente com Carvalho,
mas que nunca nenhum ministro o procurou para perguntar
sobre investigações.
Anteontem, por meio da assessoria, Carvalho admitiu que
recebeu Greenhalgh no Palácio
do Planalto, ao menos por três
vezes neste ano.
Histórico
Dantas tentou se aproximar
do PT tão logo Lula assumiu o
governo, em 2003. Queria
manter a influência sobre os
fundos de pensão das estatais e
o controle da Brasil Telecom.
A CPI dos Correios, concluída em 2006, identificou que
três empresas de telefonia controladas por Dantas irrigaram
em mais de R$ 150 milhões as
contas do "valerioduto", no escândalo do mensalão.
Humberto Braz, que é acusado pela PF de tentar subornar
policiais a fim de tirar o nome
de Dantas das investigações da
Satiagraha, foi apontado pela
CPI como um dos elos entre o
banqueiro e o partido na época.
Além de Greenhalgh, outros
quatro advogados ligados a petistas foram contratados por
Dantas nos últimos anos.
Procurado ontem pela Folha, Greenhalgh não quis falar.
Em nota anterior, o ex-deputado disse ter atuado na defesa de
Dantas "nos estritos marcos da
legalidade e da ética".
Os outros advogados contratados pelo banqueiro nos últimos anos afirmam que atuaram de forma estritamente técnica. "Quando fui contratado,
em 2004, eu não havia advogado para nenhum petista", disse
José Luís Oliveira Lima, hoje
advogado de José Dirceu. Antonio Carlos de Almeida Castro,
amigo de Dirceu, disse que
atuou "em dois contratos de
porte com a Brasil Telecom".
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