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Servidores serão
"disciplinados"
ao falar à mídia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal divulgou
ontem a minuta de um decreto
que restringe o relacionamento
de servidores públicos com a
imprensa. O objetivo seria
"disciplinar" o acesso da imprensa a informações de funcionários públicos responsáveis por investigações dentro
do governo.
Segundo a proposta, "a prestação de informações relativas
a atividades investigatórias, aos
veículos de comunicação, competirá aos ministros de Estado", membros de cargos de
confiança ou presidentes de estatais.
Os servidores deverão repassar as questões dos jornalistas e
as devidas informações para as
assessorias de imprensa ou órgãos respectivos.
O decreto regulamenta o Código de Ética Profissional do
Servidor Público Civil do Poder
Executivo Federal.
Segundo o texto, os delegados da Polícia Federal não poderão dar informações sobre
inquéritos em andamento sem
autorização do diretor da instituição.
A minuta do projeto foi apresentada ontem na terceira reunião do Gabinete de Gestão Integrada de Combate à Lavagem
de Dinheiro e ainda passará
por análise do Palácio do Planalto antes de ser publicada.
O texto também diz que "o
servidor envolvido em atividades investigatórias, quando
instado, por qualquer veículo
ou profissional de comunicação, a prestar informação sobre
assunto que tenha conhecimento em razão de suas atribuições profissionais, deve encaminhar o pedido, acompanhado da informação correspondente, à assessoria de imprensa".
Segundo Jorge Hage, subcontrolador-geral da União, o decreto não cerceia a liberdade de
imprensa, mas organiza a forma como as informações são
repassadas.
Para Antenor Madruga, diretor do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional, disciplinar
como as informações são repassadas aos jornalistas é importante para garantir a segurança das pessoas envolvidas
na investigação. "As informações vazadas podem colocar
em risco a vida de pessoas ligadas a uma investigação", disse.
O controlador-geral da
União, Waldir Pires, afirmou
que o texto ainda não é definitivo e deve passar pela discussão
com a opinião pública para ser
aprovado. A matéria será novamente avaliada pelo gabinete
em outubro, quando haverá
uma nova reunião.
Hoje, os auditores da Controladoria Geral da União, os advogados e os procuradores da
União e os fiscais da Receita já
têm limitações na conduta,
sendo impedidos de passar informações sobre casos que tenham investigado.
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