São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2003 |
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CHOQUE ENTRE PODERES Presidentes dos tribunais chamam sugestão de relatora da ONU de "violação da soberania nacional" Para TJs, idéia de inspeção é "humilhante"
MAURO ALBANO DA AGÊNCIA FOLHA Os 27 presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil divulgaram ontem, em encontro realizado em Porto Alegre (RS), uma carta de repúdio à sugestão de inspeção internacional no Judiciário brasileiro, que classificaram de "humilhante proposta". A sugestão, que provocou um novo atrito entre o Judiciário e o Executivo, foi feita na última quarta pela relatora da ONU (Organização das Nações Unidas) para execuções sumárias, Asma Jahangir, quando ela encerrou sua visita ao Brasil. A carta divulgada no 62º Encontro do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil chama a idéia de inspeção de "autêntica violação da soberania nacional". O documento também registra que os presidentes dos TJs lamentam "que autoridades públicas federais, por ação ou omissão, não tenham repelido a humilhante proposta". É uma referência a comentário feito pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que participou do encontrou em que a relatora da ONU propôs que fosse enviado outro observador do órgão para inspecionar o Judiciário, para garantir transparência. Na ocasião, Thomaz Bastos -ao lado do ministro Nilmário Miranda (Secretaria de Direitos Humanos) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva- declarou: "Todos sabemos que o Judiciário brasileiro, com todo o respeito que temos a ele, não é o Poder Judiciário dos nossos sonhos. Por isso precisamos reformá-lo". A declaração fez com que representantes do Judiciário considerassem que o Executivo apoiava a proposta de Jahangir e reagissem com ataques ao presidente Lula. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Maurício Corrêa, que participou da abertura do evento em Porto Alegre, quinta-feira, disse que "mais grave [que a sugestão da relatora da ONU] é o ministro da Justiça ter comentado o que ela falou em frente ao presidente da República, o que supõe que o presidente está inteiramente a favor". A carta dos magistrados ainda manifesta "indignação pela ocorrência de violação aos direitos humanos, cuja investigação não é atribuição do Poder Judiciário". Texto Anterior: Biblioteca Folha: "Nosso Homem em Havana" é o romance do próximo domingo Próximo Texto: Outro lado: Para Nilmário, ONU não quer interferir no país Índice |
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