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São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2003

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Cúpula tentou atingir corregedor

SUCURSAL DE BRASÍLIA

As gravações obtidas pela Folha revelam que auxiliares de Jorge Rachid buscavam nos bastidores dados que pudessem ser usados para desgastar a imagem de Moacir Leão, corregedor do fisco.
A julgar pelo conteúdo dos diálogos, o secretário da Receita Federal manteve-se informado sobre toda a movimentação. A principal evidência é uma conversa entre Leonardo Couto e Flávio Franco Corrêa. O primeiro era, à época do grampo, secretário-adjunto de Rachid. O segundo é auditor fiscal no Rio. Ambos são amigos de Rachid.
No curso do diálogo, Corrêa e Couto mencionam o nome de um outro auditor fiscal, Edson Pedrosa. Desafeto de Moacir Leão, é autor de representação contra o corregedor. Acusa-o de promover gastos supostamente excessivos com diárias de viagem.
Leão rebate. As diárias referem-se, diz ele, a despesas regulares de auditores em missões de combate à corrupção. Na semana passada, Leão disse ter recebido a informação de que a denúncia de Pedrosa fora "forjada" no gabinete de Rachid. O secretário diz que nem mesmo conhece Pedrosa. Mas o conteúdo das gravações indica que a acusação de Pedrosa, de fato, chegou a Brasília pelas mãos de Couto, o adjunto de Rachid.
Nas gravações, Corrêa diz para Couto: "O Edson fez aquela representação, já pra poder dar um instrumento, pra poder dar uma porrada no cara, né? E aí tava agora me perguntando o que que vocês vão fazer com isso".
E Couto: "Tem que ver também a questão do timing [...] Porque você vai montar uma comissão de inquérito. Tem que ser um negócio contra o cara [Moacir Leão], tem que tomar muito cuidado com quem você vai colocar, de que forma que vai conduzir, e tal. E [...] nem todo mundo que viu aquilo [a representação de Pedrosa contra Leão] achou que tem elementos pra alguma coisa [...]."
Correa faz um alerta a Couto: "Ele [Pedrosa] falou o seguinte: olha, eu não quero fazer isso não, mas se o Rachid não fizer nada, eu vou representar contra o Rachid".
Correa transmitiu a Couto também a sua opinião sobre o assunto: "Eu não sei por que que isso aí já não teve um desfecho, porra. Pega essa coisa, enfia na mão do ministro, o ministro lê, conversa com o procurador da Fazenda pra dar respaldo, o c..., porque o procurador vai fazer evidentemente tudo aquilo que você achar que ele tem que fazer. Porra, eu não consigo entender." (LS e JS)


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