|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BRASIL PROFUNDO
Ivo Cassol, de Rondônia, diz que traficantes controlam regiões do Estado e pede mais ação do Planalto
Governador quer ajuda para conter tráfico
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
O governador de Rondônia, Ivo
Cassol (PSDB), disse que grupos
ligados ao narcotráfico estão controlando áreas no campo no Estado e que a força estadual, sozinha,
não pode conter a movimentação
ilegal. O tucano disse ainda que
espera ajuda federal para controlar a situação do tráfico e para tentar conter os conflitos armados.
"A Polícia Federal e outros órgãos federais precisam nos ajudar
a combater os pontos de narcotráfico que estão se instalando em
algumas regiões do Estado. Sozinhos, não temos como controlar,
não há recursos", disse Cassol.
O governador também fez um
alerta sobre a atuação de garimpeiros que agem ilegalmente dentro da reserva indígena Roosevelt.
O superintendente em exercício
da Polícia Federal em Rondônia,
Antônio Patrioça, afirmou que está trabalhando para reprimir o
narcotráfico. Segundo ele, neste
ano foram presos 24 acusados de
tráfico e apreendidos cerca de
cem quilos de cocaína.
"É impossível darmos conta de
controlar e dominar uma fronteira de 1.342 quilômetros [com a
Bolívia] com os recursos que temos. Mas estamos trabalhando, e
muito. A Polícia Federal tem várias frentes de investigação sobre
quadrilhas que atuam em Rondônia. Com uma fronteira desse tamanho, na selva, desguarnecida,
não tem jeito de evitar, mas temos
feito muito em todas as frentes.
Não nos falta vontade de agir."
Patrioça disse ainda que desconhece que grupos de narcotraficantes tenham domínio sobre
porções do Estado. "Se o governador tem essas informações, ele
precisa passar para a gente."
Outro entrave tratado pelo governador Cassol foram aos conflitos no campo, que têm gerado
mortes na zona rural (foram cinco na semana passada na região
de Buritis). Ele disse que o problema tem relação com o que chamou de "lentidão" do Incra e falta
de ação de alguns ministérios.
"Estamos tentando sanar os
conflitos de terra com uma força-tarefa que está trabalhando. Mas
há muita lentidão do Incra em assentar. É muita reunião para pouca ação. Isso cria um clima de revolta, de insatisfação na população. Sem rapidez fica impossível
evitar os problemas. Mas na região de Buritis nossa polícia atuou
e já está restabelecida da paz."
Cassol declarou que o Ministério do Meio Ambiente não aceita
a exploração, sobretudo de madeira, em porções do Estado chamadas de zonas socioeconômicas, o que agrava a crise no campo: "O Ministério do Meio Ambiente não aceitou o nosso zoneamento socioeconômico [que determina áreas que poderiam ser
exploradas], o que inviabiliza o
trabalho do homem do campo e
contribui com a violência. Gastamos R$ 27 milhões nesse projeto
de zoneamento, mas o ministério
não aceitou". Segundo o governador, "todos os órgãos federais
competentes" foram avisados de
que a situação no campo é crítica.
Em fevereiro deste ano, o tucano chegou a pedir ao ministro
Márcio Thomaz Bastos (Justiça)
uma "intervenção branca" no Estado, o que não chegou a acontecer, devido a sua dificuldade de se
relacionar com a Assembléia Legislativa. Cassol disse que o episódio está superado, mas não descartou novos embates com o Legislativo. "Agora está tudo normal, tudo tranquilo. A relação
com o Legislativo está à altura do
nosso governo. Mas, se amanhã,
de repente, eu precisar virar a mesa, eu viro, mas quero uma relação correta com os Poderes."
Sobre a invasão de um conjunto
de prédios inacabados em Porto
Velho, nesta semana, ele culpou o
governo federal: "O governo federal precisa parar de fazer audiência, de fazer seminário e começar
a agir. O prédio está quase concluído, mas não terminam nunca
a obra, o povo não aguenta".
Texto Anterior: No Planalto - Josias de Souza: Lula concede, à surdina, mamata previdenciária Próximo Texto: Outro lado: Ministério alega que projeto de Cassol é ilegal Índice
|