São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Lula insiste em dizer que Alckmin vai privatizar Petrobras, BB e Caixa

Desde debate, candidato do PSDB vem repetindo que é mentirosa afirmação feita pelo presidente

"Querem privatizar o que resta neste país. Como eles nunca trabalharam, querem vender o que têm", afirma petista em comício no RJ


SERGIO TORRES
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva insistiu ontem à noite na tentativa de carimbar como privatista seu adversário na disputa pela Presidência, o tucano Geraldo Alckmin. A uma platéia de cerca de mil pessoas, reunidas na praça do Pacificador, em Duque de Caxias (RJ), acusou Alckmin de querer privatizar a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, caso seja eleito.
"O que eles querem? Vender o restante das coisas que não venderam no governo passado. Querem privatizar o que resta neste país. Coisas importantes, como a Petrobras, o BB e a CEF. Como eles nunca trabalharam, querem vender o que têm."
Desde o debate na TV Bandeirantes, no domingo, Alckmin tem rotulado como mentirosas as afirmações de que pretenda vender as estatais citadas por Lula. "Não há nenhuma linha do meu programa de governo que diga isso", declarou Alckmin ontem mesmo a uma emissora de rádio.
Lula manteve a tática de contrapor seu governo ao do antecessor Fernando Henrique Cardoso. "Nosso projeto é outro. Fazer do Brasil uma nação soberana. Somos acusados diuturnamente, porque gostamos de pobre, de querer dividir a sociedade. Quero governar para todos, mas os pobres terão a preferência em meu governo."

Garotinho
Apesar de estar em ato ao lado do candidato do PMDB ao governo do Rio, Sérgio Cabral, Lula criticou o presidente regional do partido, Anthony Garotinho, marido da governadora Rosinha Matheus.
"Se não fosse a oposição feita no Rio, o governo federal poderia ter ampliado os programas sociais no Estado. Não fez isso porque o marido da governadora planejava ser presidente da República", criticou Lula.
Garotinho e Rosinha apóiam Cabral, mas fazem campanha para Alckmin para presidente.
"A parceria com Cabral vai redundar em um governo de alguém com alma mais limpa, mais arejada, alguém sem preconceito, que não queira brigar", atacou Lula, antes de chamar a aliança entre PT e PMDB de "união contra a direita do Rio" e prometer recuperar a Baía de Guanabara, cujo programa de despoluição tem sete anos de atraso.
Para explicar que PT e PMDB estejam juntos, Lula recorreu ao exemplo da miscigenação racial brasileira. "O Brasil é um país da mistura de raças: negros, brancos, índios. Tem gente que não gosta, que gostaria que o Brasil fosse só loira de olhos verdes. Não tenho nada contra. Gosto muito. Mas o Brasil tem de ser exatamente o que é. A mistura é o que permite que sejamos esse povo alegre, bonito, sem discriminação, que sabe se misturar. Foi isso que permitiu a aliança do PT com o PMDB."
Acompanhando Lula, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), também atacou o candidato do PSDB. "Alckmin não conhece nada do Rio. Bota ele no Terreirão do Samba [espaço na praça Onze onde são realizados shows]. Vai dar dois passos e ele vai cair, porque não conhece nada. O Rio nunca acolheu pára-quedista, que só vem aqui na última hora para pedir voto."
No primeiro turno, Lula venceu Alckmin no Estado.


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