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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Lula insiste em dizer que Alckmin vai privatizar Petrobras, BB e Caixa
Desde debate, candidato do PSDB vem repetindo que é mentirosa afirmação feita pelo presidente
"Querem privatizar o que resta neste país. Como eles nunca trabalharam, querem vender o que têm", afirma petista em comício no RJ
SERGIO TORRES
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva insistiu ontem à noite na tentativa de carimbar como privatista seu adversário na
disputa pela Presidência, o tucano Geraldo Alckmin. A uma
platéia de cerca de mil pessoas,
reunidas na praça do Pacificador, em Duque de Caxias (RJ),
acusou Alckmin de querer privatizar a Petrobras, o Banco do
Brasil e a Caixa Econômica Federal, caso seja eleito.
"O que eles querem? Vender
o restante das coisas que não
venderam no governo passado.
Querem privatizar o que resta
neste país. Coisas importantes,
como a Petrobras, o BB e a CEF.
Como eles nunca trabalharam,
querem vender o que têm."
Desde o debate na TV Bandeirantes, no domingo, Alckmin tem rotulado como mentirosas as afirmações de que pretenda vender as estatais citadas
por Lula. "Não há nenhuma linha do meu programa de governo que diga isso", declarou
Alckmin ontem mesmo a uma
emissora de rádio.
Lula manteve a tática de contrapor seu governo ao do antecessor Fernando Henrique
Cardoso. "Nosso projeto é outro. Fazer do Brasil uma nação
soberana. Somos acusados diuturnamente, porque gostamos
de pobre, de querer dividir a sociedade. Quero governar para
todos, mas os pobres terão a
preferência em meu governo."
Garotinho
Apesar de estar em ato ao lado do candidato do PMDB ao
governo do Rio, Sérgio Cabral,
Lula criticou o presidente regional do partido, Anthony Garotinho, marido da governadora Rosinha Matheus.
"Se não fosse a oposição feita
no Rio, o governo federal poderia ter ampliado os programas
sociais no Estado. Não fez isso
porque o marido da governadora planejava ser presidente da
República", criticou Lula.
Garotinho e Rosinha apóiam
Cabral, mas fazem campanha
para Alckmin para presidente.
"A parceria com Cabral vai
redundar em um governo de alguém com alma mais limpa,
mais arejada, alguém sem preconceito, que não queira brigar", atacou Lula, antes de chamar a aliança entre PT e PMDB
de "união contra a direita do
Rio" e prometer recuperar a
Baía de Guanabara, cujo programa de despoluição tem sete
anos de atraso.
Para explicar que PT e
PMDB estejam juntos, Lula recorreu ao exemplo da miscigenação racial brasileira. "O Brasil é um país da mistura de raças: negros, brancos, índios.
Tem gente que não gosta, que
gostaria que o Brasil fosse só
loira de olhos verdes. Não tenho nada contra. Gosto muito.
Mas o Brasil tem de ser exatamente o que é. A mistura é o
que permite que sejamos esse
povo alegre, bonito, sem discriminação, que sabe se misturar.
Foi isso que permitiu a aliança
do PT com o PMDB."
Acompanhando Lula, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), também atacou o candidato do PSDB.
"Alckmin não conhece nada do
Rio. Bota ele no Terreirão do
Samba [espaço na praça Onze
onde são realizados shows]. Vai
dar dois passos e ele vai cair,
porque não conhece nada. O
Rio nunca acolheu pára-quedista, que só vem aqui na última hora para pedir voto."
No primeiro turno, Lula venceu Alckmin no Estado.
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