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JANIO DE FREITAS
Variedades
Como atingiu um prédio residencial, o avião poderia atingir, com explosivo, um feixe nervoso de Nova York
DE REPENTE, as mulheres não
puderam entrar nos aviões
levando nas bolsas nem o seu
batom. Frascos de perfume ou de
água continuam proibidos, a menos
que sejam bem pequenos, estejam
em sacos plásticos invioláveis e sejam examinados pela autoridade
máxima, um guarda treinado para
achar que todo estrangeiro é, por natureza, terrorista em potencial.
De repente, o estupendo esquema
de segurança que vai do vôo permanente de aviões de caça, em espreita
de terroristas nos céus, ao batom e
aos suspeitíssimos absorventes das
mulheres americanas, desfaz-se na
fumaça de um pequeno incêndio.
Qualquer que fosse o seu motivo, o
aviãozinho mostrou, no próprio coração urbano da paranóia americana, o quanto é insolúvel a vulnerabilidade em que o governo dos EUA
lançou seu país. Como atingiu um
prédio residencial, o pequeno avião
poderia atingir, carregado de explosivo, um feixe nervoso de Nova York
-a ONU, por exemplo.
Solução
No primeiro ato notável de sua
candidatura, Denise Frossard informou que não levaria a campanha a nenhuma favela carioca ou
fluminense: "Ah, tenho medo".
Passada ao segundo turno, agora
recusa atos de campanha às 18 horas: "É uma hora pouco saudável.
Há uma pesquisa que diz que nesse
horário as pessoas não voltam para
casa diante do medo".
Deve ser pesquisa particular,
com a solução da candidata para a
insegurança pública: quanto mais
entrada a noite, melhor para andar
por aí. Mas não se recomenda a experiência. Frossard ainda não
apresentou um programa propriamente, mas o carro-chefe é conhecido: um governo muito divertido.
Os quatro
Lula se diz craque em debate.
Apesar disso, uma pergunta embaraçosa é suficiente para deixá-lo
nervoso. E, nervoso, desanda a
atropelar as palavras, não concluir
frases, agrava o problema das concordâncias, e o suor jorra. Esteve
assim, a partir do terceiro bloco, na
discussão com Alckmin, e atribui
seu desempenho ao pouco tempo
dedicado a preparar-se: "Vou me
preparar mais para o próximo".
Quem se lembra do Lula preparado
por Duda Mendonça, para debater
com José Serra, sabe que não é de
tempo para decoreba que se trata.
O professor Marcos Nobre, em
mais um artigo admirável, sugeriu
na Folha que Lula, tendo fugido
tanto de entrevistas, perdeu a habilidade para enfrentar perguntas
embaraçosas.
Proponho uma razão complementar: Lula ainda não sabe que
personagem representar na campanha e, sobretudo, não o soube na
Bandeirantes -se o Lula de Duda
ou o Lula anterior. Fez os dois brigarem entre si, impedindo que um
deles enfrentasse Alckmin como
melhor lhe conviria. Com tudo decorado, Alckmin também não soube explorar o aturdimento de Lula
entre os dois Lulas. Daí o empate
das quatro personagens em cena.
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