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Políticos acham que licença é aposta arriscada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA FOLHA ONLINE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Senadores e deputados avaliaram ontem que a licença pedida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é uma aposta arriscada,
que não será suficiente para
salvar seu mandato.
O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati, disse em
Fortaleza que a licença "foi um
primeiro passo e a expectativa é
que se retome do expediente da
Casa, mas a solução definitiva
só virá com a renúncia do cargo
de presidente". Tasso disse que
não houve acordo entre os partidos para que Renan se licenciasse e frisou que a saída definitiva é a meta do PSDB: "Só a
renúncia traria a calma ao Senado", pois "ele não tem mais
condições de presidir a Casa".
"A licença foi o passo correto.
Mas o que vai decidir se o senador Renan será ou não objeto
de cassação não será essa licença. Serão os processos contra
ele, que continuam", disse o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). O senador Pedro Simon
(PMDB-RS) disse que o Conselho de Ética continuará a trabalhar normalmente nos processos, mesmo após a licença de
Renan. "Sei que houve um apelo muito forte para ele [Renan]
se afastar. Agora, sei também
que o Conselho de Ética vai levar adiante, com absoluta independência, as representações
contra ele", declarou Simon.
O líder do Democratas no Senado, José Agripino (RN), disse
que a licença "em nada modifica a determinação em exigir
que até o dia 2 de novembro os
processos sejam votados, quando o Senado, como instituição,
estará sendo passado a limpo".
A líder do PT no Senado, Ideli
Salvatti (SC), disse que a licença "é fruto e conseqüência da
sessão de terça-feira, que foi
um divisor de águas". Segundo
ela, "o senador Renan foi deteriorando o capital que ele tinha
na Casa, mas não significa que
estivesse totalmente extinto.
Com o gesto de licença, pode
ter retorno deste capital".
Renanzistas
O senador Almeida Lima
(PMDB-SE) classificou o episódio como um "golpe". "Não
acho que ele deveria se afastar
de nada. Não vi ato ou prova
que viesse a depor contra ele.
Vejo tudo isso como um golpe
dos que querem que ele se afaste". Outro aliado de Renan, o
senador Wellington Salgado
(PMDB-MG), acha que foi injustiçado: "O mandato que ele
tinha é democrático, ganhou
duas vezes. Agora, os outros senadores é que têm que saber o
que vão fazer. É um momento
triste, em que a democracia, tudo o que estudamos, tudo o que
aprendemos nesse mundo moderno, não está adiantando".
Já o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), previu
um ambiente mais tranqüilo:
"Acho que foi uma decisão
acertada. Era bom que fosse
um pouco antes, mas distensiona a crise. É um tipo de decisão
boa para todo mundo".
O presidente do Democratas,
deputado federal Rodrigo Maia
(RJ), afirmou que a licença veio
tarde. "Há 140 dias, talvez a situação de Renan poderia ter ficado mais fácil com uma licença. Se ele tivesse ouvido os apelos no momento adequado, teria se preservado. Nesta altura
do processo, a licença é irrelevante", afirmou Maia.
"É uma vitória da opinião pública. Pode representar o início
do resgate da imagem do Senado", afirmou o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE).
Para o também deputado
Gustavo Fruet (PSDB-PR), Renan sentiu que estava sendo
questionado pela sociedade: "O
seu objetivo é sem dúvida distensionar o ambiente e jogar
com a expectativa de que isso
baste para ele se salvar. Mas
não sei se vai conseguir. Não sei
sem tem volta para ele", declarou Fruet.
(FÁBIO ZANINI, RANIER BRAGON, ANDREZA MATAIS, GABRIELA
GUERREIRO E RENATA GIRALDI E LUÍS
CARLOS DE FREITAS)
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