São Paulo, sexta-feira, 12 de outubro de 2007

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Políticos acham que licença é aposta arriscada

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA FOLHA ONLINE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Senadores e deputados avaliaram ontem que a licença pedida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é uma aposta arriscada, que não será suficiente para salvar seu mandato.
O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati, disse em Fortaleza que a licença "foi um primeiro passo e a expectativa é que se retome do expediente da Casa, mas a solução definitiva só virá com a renúncia do cargo de presidente". Tasso disse que não houve acordo entre os partidos para que Renan se licenciasse e frisou que a saída definitiva é a meta do PSDB: "Só a renúncia traria a calma ao Senado", pois "ele não tem mais condições de presidir a Casa".
"A licença foi o passo correto. Mas o que vai decidir se o senador Renan será ou não objeto de cassação não será essa licença. Serão os processos contra ele, que continuam", disse o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que o Conselho de Ética continuará a trabalhar normalmente nos processos, mesmo após a licença de Renan. "Sei que houve um apelo muito forte para ele [Renan] se afastar. Agora, sei também que o Conselho de Ética vai levar adiante, com absoluta independência, as representações contra ele", declarou Simon.
O líder do Democratas no Senado, José Agripino (RN), disse que a licença "em nada modifica a determinação em exigir que até o dia 2 de novembro os processos sejam votados, quando o Senado, como instituição, estará sendo passado a limpo".
A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), disse que a licença "é fruto e conseqüência da sessão de terça-feira, que foi um divisor de águas". Segundo ela, "o senador Renan foi deteriorando o capital que ele tinha na Casa, mas não significa que estivesse totalmente extinto. Com o gesto de licença, pode ter retorno deste capital".

Renanzistas
O senador Almeida Lima (PMDB-SE) classificou o episódio como um "golpe". "Não acho que ele deveria se afastar de nada. Não vi ato ou prova que viesse a depor contra ele. Vejo tudo isso como um golpe dos que querem que ele se afaste". Outro aliado de Renan, o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), acha que foi injustiçado: "O mandato que ele tinha é democrático, ganhou duas vezes. Agora, os outros senadores é que têm que saber o que vão fazer. É um momento triste, em que a democracia, tudo o que estudamos, tudo o que aprendemos nesse mundo moderno, não está adiantando".
Já o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), previu um ambiente mais tranqüilo: "Acho que foi uma decisão acertada. Era bom que fosse um pouco antes, mas distensiona a crise. É um tipo de decisão boa para todo mundo".
O presidente do Democratas, deputado federal Rodrigo Maia (RJ), afirmou que a licença veio tarde. "Há 140 dias, talvez a situação de Renan poderia ter ficado mais fácil com uma licença. Se ele tivesse ouvido os apelos no momento adequado, teria se preservado. Nesta altura do processo, a licença é irrelevante", afirmou Maia.
"É uma vitória da opinião pública. Pode representar o início do resgate da imagem do Senado", afirmou o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE).
Para o também deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), Renan sentiu que estava sendo questionado pela sociedade: "O seu objetivo é sem dúvida distensionar o ambiente e jogar com a expectativa de que isso baste para ele se salvar. Mas não sei se vai conseguir. Não sei sem tem volta para ele", declarou Fruet. (FÁBIO ZANINI, RANIER BRAGON, ANDREZA MATAIS, GABRIELA GUERREIRO E RENATA GIRALDI E LUÍS CARLOS DE FREITAS)

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