São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Segundo turno em São Paulo nunca registrou uma reviravolta na disputa

EM SÃO PAULO

Os números de todas as quatro eleições à Prefeitura de São Paulo decididas no segundo turno mostram que até hoje nunca houve uma reviravolta na disputa. Ou seja, aquele que largou em vantagem nas pesquisas sempre acabou eleito.
Desde a instituição do segundo turno nas eleições, São Paulo não tem um prefeito eleito em votação única. Em 1992, 1996, 2000 e 2004 a decisão só ocorreu na segunda etapa.
Pesquisa Datafolha concluída na quarta-feira mostra que o prefeito Gilberto Kassab (DEM) tem 17 pontos percentuais de vantagem sobre a candidata Marta Suplicy (PT), 54% a 37% das intenções de voto.
Nas duas primeiras disputas em segundo turno na cidade, o candidato que começou liderando a disputa conseguiu ampliar a diferença e ganhar.
Isso ocorreu em 1992, quando o candidato Paulo Maluf (PPB) largou com sete pontos percentuais de vantagem sobre o adversário Eduardo Suplicy (PT), de acordo com o Datafolha, e chegou na reta final com 15 (nas urnas, foi eleito com 16 pontos à frente do petista).
Quatro anos depois, em 1996, a repetição. Apoiado por Maluf, Celso Pitta (PPB) abriu a segunda etapa 16 pontos distante da concorrente Luiza Erundina (PT), ganhando com 21 pontos percentuais a mais.
Nesses dois casos, a campanha do segundo turno era maior do que a disputa atual, ia do início de outubro até meados de novembro.
Já nas duas últimas disputas, a diferença entre a intenção de votos dos dois oponentes foi reduzida no segundo turno, embora não tenha sido suficiente para mudar a situação inicial.
Em 2000, a petista Marta Suplicy enfrentou o candidato Paulo Maluf (PP). O ex-prefeito conseguiu reduzir em 14 pontos percentuais a diferença que o separava de Marta na ocasião. Mesmo assim, Maluf acabou perdendo por uma distância de 17 pontos percentuais.
Marta tentaria a reeleição quatro anos depois, em 2004. Iniciou a segunda etapa atrás 12 pontos percentuais do atual governador José Serra (PSDB). Conseguiu reduzir cinco. Abertas as urnas, Serra levou a prefeitura com uma diferença de dez pontos percentuais.
"Só um desastre de campanha mudará esse atual cenário. Tem tendências que vão se consolidando e que só revertem se houver algum problema de percurso na campanha", afirma Argelina Figueiredo, professora do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) e pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).
Para a professora, o "discurso de Marta Suplicy de querer mostrar as duas administrações seria um veio interessante, mas há pouco tempo [de campanha] e as realizações do prefeito, mais recentes, ficam mais frescas, marcadas na memória do eleitorado".
Ela concorda com a avaliação de Fernando Limongi, do Departamento de Ciência Política da USP, de que a votação de Marta "bateu no teto".
"O mercado eleitoral está muito previsível: o desempenho do PT é notável, mas mesmo assim está batendo no teto na cidade de São Paulo. Lula em 2006 teve 32,8% na cidade de São Paulo, e a projeção para Marta é essa: 40 e tantos por cento no segundo turno", disse em entrevista recente à Folha.
A cientista política Maria do Socorro Braga, da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), vai na mesma linha: "Tendo em vista que o eleitorado de quem perdeu está mais próximo do Kassab, e levando em conta os números das eleições anteriores, é pouco o tempo para se crie ou se construa um novo fato que abale imagens. A tendência é do Gilberto Kassab manter essa diferença ou até ampliá-la".
(RANIER BRAGON)



Texto Anterior: Eleições 2008 / São Paulo: Marta aposta em Lula na volta à TV para reverter desvantagem
Próximo Texto: Eleições 2008 / Evento: Folha sabatina Marta amanhã e Kassab na terça
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.