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Segundo turno em São Paulo nunca registrou uma reviravolta na disputa
EM SÃO PAULO
Os números de todas as quatro eleições à Prefeitura de São
Paulo decididas no segundo
turno mostram que até hoje
nunca houve uma reviravolta
na disputa. Ou seja, aquele que
largou em vantagem nas pesquisas sempre acabou eleito.
Desde a instituição do segundo turno nas eleições, São Paulo não tem um prefeito eleito
em votação única. Em 1992,
1996, 2000 e 2004 a decisão só
ocorreu na segunda etapa.
Pesquisa Datafolha concluída na quarta-feira mostra que o
prefeito Gilberto Kassab
(DEM) tem 17 pontos percentuais de vantagem sobre a candidata Marta Suplicy (PT), 54%
a 37% das intenções de voto.
Nas duas primeiras disputas
em segundo turno na cidade, o
candidato que começou liderando a disputa conseguiu ampliar a diferença e ganhar.
Isso ocorreu em 1992, quando o candidato Paulo Maluf
(PPB) largou com sete pontos
percentuais de vantagem sobre
o adversário Eduardo Suplicy
(PT), de acordo com o Datafolha, e chegou na reta final com
15 (nas urnas, foi eleito com 16
pontos à frente do petista).
Quatro anos depois, em 1996,
a repetição. Apoiado por Maluf,
Celso Pitta (PPB) abriu a segunda etapa 16 pontos distante
da concorrente Luiza Erundina
(PT), ganhando com 21 pontos
percentuais a mais.
Nesses dois casos, a campanha do segundo turno era
maior do que a disputa atual, ia
do início de outubro até meados de novembro.
Já nas duas últimas disputas,
a diferença entre a intenção de
votos dos dois oponentes foi reduzida no segundo turno, embora não tenha sido suficiente
para mudar a situação inicial.
Em 2000, a petista Marta Suplicy enfrentou o candidato
Paulo Maluf (PP). O ex-prefeito
conseguiu reduzir em 14 pontos percentuais a diferença que
o separava de Marta na ocasião.
Mesmo assim, Maluf acabou
perdendo por uma distância de
17 pontos percentuais.
Marta tentaria a reeleição
quatro anos depois, em 2004.
Iniciou a segunda etapa atrás 12
pontos percentuais do atual governador José Serra (PSDB).
Conseguiu reduzir cinco. Abertas as urnas, Serra levou a prefeitura com uma diferença de
dez pontos percentuais.
"Só um desastre de campanha mudará esse atual cenário.
Tem tendências que vão se consolidando e que só revertem se
houver algum problema de percurso na campanha", afirma
Argelina Figueiredo, professora do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de
Janeiro) e pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).
Para a professora, o "discurso
de Marta Suplicy de querer
mostrar as duas administrações seria um veio interessante,
mas há pouco tempo [de campanha] e as realizações do prefeito, mais recentes, ficam mais
frescas, marcadas na memória
do eleitorado".
Ela concorda com a avaliação
de Fernando Limongi, do Departamento de Ciência Política
da USP, de que a votação de
Marta "bateu no teto".
"O mercado eleitoral está
muito previsível: o desempenho do PT é notável, mas mesmo assim está batendo no teto
na cidade de São Paulo. Lula em
2006 teve 32,8% na cidade de
São Paulo, e a projeção para
Marta é essa: 40 e tantos por
cento no segundo turno", disse
em entrevista recente à Folha.
A cientista política Maria do
Socorro Braga, da UFSCar
(Universidade Federal de São
Carlos), vai na mesma linha:
"Tendo em vista que o eleitorado de quem perdeu está mais
próximo do Kassab, e levando
em conta os números das eleições anteriores, é pouco o tempo para se crie ou se construa
um novo fato que abale imagens. A tendência é do Gilberto
Kassab manter essa diferença
ou até ampliá-la".
(RANIER BRAGON)
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