São Paulo, domingo, 12 de novembro de 2000

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Produção indígena vai à Europa

DA REPORTAGEM LOCAL

A economia dos índios não é capitalista nem competitiva. Eles fazem seus negócios para sobreviver. E fazem de uma maneira exemplar. Os kayapós xikrin, da Amazônia, estão às vésperas de iniciar a comercialização de 22 tipos de madeiras preciosas, o maior alvo de cobiça dos especuladores nacionais e estrangeiros. A vantagem que os xikrins levam sobre seus concorrentes brancos é simples: por temperamento, os índios não são gananciosos e mantêm enorme respeito à natureza por dela fazerem parte.
Assim, o projeto, já autorizado pelo governo, prevê a comercialização de apenas 10% da reserva, o equivalente a 44 mil hectares, área que será dividida em 30 parcelas, de modo a não danificar o conjunto. A cada ano, uma parcela de 1.450 hectares será explorada para que em 30 anos a área seja recomposta. Uma empresa francesa já se apresentou como compradora da madeira de uma parcela (cerca de 7.000 m3) por US$ 50 mil.
Ainda na Amazônia, os índios brasileiros estão exportando guaraná em pó para Alemanha, Bélgica, França e Itália, por meio da Cooperazione Terzo Mundo, instituição com sede em Bolzano, na Itália. Duzentas famílias da comunidade sateré-mawé estão envolvidas num projeto que começou com a venda de 20 quilos e hoje atinge 3,7 toneladas.
A instituição italiana compra o quilo do guaraná em pó por US$ 40, dos quais o equivalente a US$ 22 voltam para os índios. Uma empresa francesa, a Guayapi Tropical, também é cliente deles.
Obadias Batista Garcia, coordenador do Conselho Geral da Tribo Sateré-Mawé, uma comunidade de 7.000 índios que ocupa 773 mil hectares na região de Paritins, Maués e Barreirinha, conta que eles estão com outro projeto encaminhado para exportar mel.


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