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Produção indígena vai à Europa
DA REPORTAGEM LOCAL
A economia dos índios não é
capitalista nem competitiva. Eles
fazem seus negócios para sobreviver. E fazem de uma maneira
exemplar. Os kayapós xikrin, da
Amazônia, estão às vésperas de
iniciar a comercialização de 22 tipos de madeiras preciosas, o
maior alvo de cobiça dos especuladores nacionais e estrangeiros.
A vantagem que os xikrins levam
sobre seus concorrentes brancos é
simples: por temperamento, os
índios não são gananciosos e
mantêm enorme respeito à natureza por dela fazerem parte.
Assim, o projeto, já autorizado
pelo governo, prevê a comercialização de apenas 10% da reserva, o
equivalente a 44 mil hectares, área
que será dividida em 30 parcelas,
de modo a não danificar o conjunto. A cada ano, uma parcela de
1.450 hectares será explorada para
que em 30 anos a área seja recomposta. Uma empresa francesa já se
apresentou como compradora da
madeira de uma parcela (cerca de
7.000 m3) por US$ 50 mil.
Ainda na Amazônia, os índios
brasileiros estão exportando guaraná em pó para Alemanha, Bélgica, França e Itália, por meio da
Cooperazione Terzo Mundo, instituição com sede em Bolzano, na
Itália. Duzentas famílias da comunidade sateré-mawé estão envolvidas num projeto que começou com a venda de 20 quilos e
hoje atinge 3,7 toneladas.
A instituição italiana compra o
quilo do guaraná em pó por US$
40, dos quais o equivalente a US$
22 voltam para os índios. Uma
empresa francesa, a Guayapi Tropical, também é cliente deles.
Obadias Batista Garcia, coordenador do Conselho Geral da Tribo Sateré-Mawé, uma comunidade de 7.000 índios que ocupa 773
mil hectares na região de Paritins,
Maués e Barreirinha, conta que
eles estão com outro projeto encaminhado para exportar mel.
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