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Comunidade tem escola modelo
DA REPORTAGEM LOCAL
Só há uma criança em idade escolar fora da escola na terra indígena Xapecó, situada entre o cruzamento dos rios Chapecó e Chapecozinho, em Santa Catarina,
onde vivem 4.400 índios da etnia
caingangue, divididos em nove aldeias. Ele se chama Amarildo. Sua
mãe tem o nome de Maria e ele
não sabe o nome do pai. Amarildo provavelmente tem seis anos,
não fala e, dizem, não escuta.
Na verdade, ele escuta, sim, e
não fala porque precisa de um tratamento de fonoaudiologia, indisponível por lá. Mas Amarildo
não sai da escola. Passa o dia numa instituição modelo, a Escola
Indígena Básica Cacique Vanhre
(responsável pela compra daquelas terras). É uma escola pública
que deixa qualquer branco rubro
de constrangimento, a primeira a
manter ensino de segundo grau
numa comunidade indígena.
A construção, projetada por um
índio em forma de oca, tem espaço para 450 alunos. O ensino é bilíngue, em português e no idioma
caingangue. Todos aprendem a
arte indígena, fazem atividade física, comem merenda e têm acesso ao computador. Ninguém paga nada nem pelo material. A filosofia, explica a diretora, Eliane
Trevisan Cassol, "é preparar o
aluno índio como ser capacitado
para, em pé de igualdade com o
branco, não só defender seu direito como índio, mas também para
ocupar sua posição na sociedade
como cidadão brasileiro".
Os professores, brancos e índios, recebem um salário de R$
330 por mês. São 16 salas e, no
centro da oca, onde ficaria o líder,
está a direção. O recado aos não-índios que está pendurado logo
na entrada da escola define seus
propósitos: "Com esta escola podemos ser o que vocês são sem
deixarmos de ser índios".
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