São Paulo, domingo, 12 de novembro de 2000

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RUMO A 2002
Apesar de conseguir bons resultado em capitais, partido avalia que precisa melhorar no interior para se consolidar
PT traça estratégia para crescer em cidades pequenas

FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O PT traçou uma estratégia para crescer nos chamados "grotões" -cidades com menos de 30 mil habitantes. Bem-sucedido na disputa de grandes cidades e capitais, o partido avalia que precisa melhorar muito ainda no interior, para se tornar verdadeiramente um partido consolidado em todas as regiões do país.
Dois dados chamaram a atenção do PT na última eleição: a baixa proporção de seus votos obtidos nas pequenas cidades e a pequena quantidade de cidades brasileiras em que conseguiu lançar candidatos.
Dos votos recebidos pelo PT nas eleições, 4,5% estavam em cidades de até 30 mil habitantes. É um crescimento com relação à eleição de 96 (quando a proporção ficou em 3%), mas que o partido ainda considera insatisfatório.
Mais preocupante é o fato de o PT ter lançado candidato em somente 1.300 municípios do Brasil, o equivalente a menos de um quarto do total do país.
"As pequenas cidades representam 40% do eleitorado brasileiro. É fundamental crescer nelas para nosso projeto presidencial. Se tivéssemos potencializado o lançamento de candidatos, teríamos feito muito mais prefeitos que os 187 que conseguimos", afirmou João Paulo Cunha, coordenador-geral do Grupo de Trabalho de Eleições do partido, que fez o levantamento.
Se comparado com o desempenho do partido em cidades grandes e médias, o contraste é evidente. Nas 168 maiores cidades do país, o PT governará para 18 milhões de eleitores, enquanto o segundo colocado, o PMDB, terá 10 milhões. O PT pretende sanar essa distorção fazendo um trabalho de "irradiação" da imagem do partido a partir do que chama de "cidades-pólo".
"Vamos fazer com que as cidades pequenas fiquem sabendo o que acontece nas maiores. Imperatriz (MA), por exemplo, influencia cidades em um raio de 60, 80 quilômetros", diz Cunha.
A idéia é estimular petistas de pequenas cidades a divulgar obras e projetos de cidades maiores de forma enfática. Em Ribeirão Preto (SP), isso já vem sendo feito há alguns anos, e o partido conseguiu eleger várias cidades na região.
Para Cunha, o partido tem dificuldades maiores nos "grotões". "Nas cidadezinhas, é mais difícil para o PT, porque a informação é mais truncada, circula com menos independência. As pequenas cidades não têm o hábito da organização, não tem a história, é preciso fazer esse trabalho", afirma.
Para o deputado federal José Genoino, "o processo de transformações e de renovação no Brasil sempre se dá dos grandes centros para o interior".
"Você tem de irradiar valores nos lugares onde o coronelismo, o cabresto existem", diz.


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