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PT pode rever licitação
para duas plataformas
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Coordenador do programa de
governo do PT na área de energia,
o físico Luiz Pinguelli Rosa disse à
Folha que a licitação da Petrobras
para as plataformas P-51 e P-52
pode ser revista. O objetivo, diz, é
garantir uma maior participação
da indústria nacional no setor.
Pinguelli afirmou que pode ser
incluída cláusula nos editais de licitação da Petrobras que permita
que empresas nacionais tenham
vantagem no processo de escolha
do vencedor mesmo que, na abertura das propostas, tenham apresentado um preço até 15% maior.
Pinguelli, diretor da Coppe
(Coordenação dos Programas de
Pós-Graduação em Engenharia)
da UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro), afirmou que o
PT quer que a estrutura do casco
das duas plataformas seja feita no
Brasil. "É a parte que gera mais
empregos." Admitiu, porém, que
"não dá para fazer tudo no país".
Lançada em agosto, a licitação
das plataformas está orçada em
US$ 1 bilhão. A Petrobras informou que não comenta licitações
em curso. À época do lançamento, a estatal estimara que em seis
meses os vencedores seriam escolhidos. A Petrobras não divulga os
grupos que disputam a licitação.
Várias empresas internacionais,
segundo a Folha apurou, estão no
páreo, inclusive a norueguesa
Aker Kvaerner, que detalhou o
projeto básico de engenharia das
unidades. À Folha, em agosto, o
diretor-gerente de Exploração e
Produção da Petrobras, Carlos
Tadeu Fraga, havia dito que
"nunca foi construído um casco"
desse porte no Brasil e que poucos
estaleiros no mundo teriam condições de realizar a obra.
Pelas propostas de Pinguelli, o
modelo de abertura do setor de
petróleo será alterado. Para ele, o
país não precisa importar combustíveis, pois ainda tem capacidade ociosa de refino.
Em relação aos preços, ele disse
que "o brasileiro não pode pagar
o combustível em dólar". Afirmou, porém, que os preços devem ser corrigidos pela cotação
internacional do petróleo. Defende também uma fórmula preestabelecida para os reajustes.
Uma idéia, diz, é adotar subsídios cruzados, aumentando o
preço de alguns derivados para
subsidiar outros. Outra é dar subsídios com a arrecadação da Cide
(tributo federal sobre os combustíveis). "GLP [o gás de cozinha]
tem que ir para todos. Já gasolina
é para quem é proprietário de automóveis", disse, para exemplificar o "subsídio cruzado", em um
seminário na Firjan (Federação
das Indústrias do Estado do Rio
de Janeiro) sobre o setor.
Pinguelli afirmou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva deve adotar uma política de preços
para os derivados do petróleo que
"amorteça" os impactos das variações do dólar e do preço internacional do óleo.
"Amortecer significa dar um
prazo, um tempo. Se essa diferença [entre o preço do dólar ou do
barril e do derivado no país] se
tornar fixa, ela vai ter que se dar
[ser transferida para o preço]."
Os detalhes específicos dessa
política, afirma, devem ser discutidos em um fórum específico para o setor "nos moldes do pacto
social". Ele criticou a política de
preços do atual governo. "Aqui
tem uma política com essas intervenções espasmódicas que é o
pior que tem para o investidor. A
gente quer ter uma regra."
Colaborou RAFAEL CARIELLO, da Sucursal do Rio
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