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TRANSIÇÃO
Presidente do Conselho de Administração da Sadia assumirá ministério que havia recusado em sondagem de FHC
Furlan aceita ocupar o Desenvolvimento
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário Luiz Fernando
Furlan, 55, presidente do Conselho de Administração da Sadia,
será o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio do
governo do presidente eleito, Luiz
Inácio Lula da Silva. Furlan, da
maior agroindústria brasileira,
aceitou ontem o convite de Lula.
Amigo do presidente Fernando
Henrique Cardoso e sem ter declarado publicamente seu voto
nas eleições deste ano, Furlan foi
escolhido pelo presidente eleito
por ser um símbolo do empresário exportador que o PT pretende
estimular e por ter feito declarações avaliadas como em sintonia
com as propostas do partido.
A Sadia exporta anualmente
cerca de US$ 700 milhões em produtos à base de aves, carne bovina
e suína para países da União Européia, Oriente Médio e Ásia.
Furlan era um dos interlocutores do novo ministro da Fazenda,
Antonio Palocci Filho, na tentativa de articulação de um pacto social, reunindo empresários, trabalhadores e entidades civis em torno de uma agenda para 2003.
O presidente do conselho da Sadia vai ocupar vaga para a qual especulou-se o nome de Eugênio
Staub, da Gradiente, o primeiro
dos grandes empresários brasileiros a declarar voto em Lula. O nome de Staub, ligado ao senador
José Sarney (PMDB-AP), enfrentava resistências internas no PT.
Furlan já havia sido sondado
para o Ministério do Desenvolvimento pelo presidente FHC no final de 1999. Não quis substituir ao
então ministro Clóvis Carvalho,
que havia entrado em choque
com Pedro Malan (Fazenda), numa desavença que ficou conhecida como a disputa entre "monetaristas" e "desenvolvimentistas"
do governo tucano. Recusou por
entender que o Desenvolvimento
saíra enfraquecido com a queda
de Carvalho, tido como defensor
da produção industrial.
Após a primeira reunião do
pacto social em novembro passado, Furlan agradou a Lula por ter
elogiado sua realização e o programa petista de combate à fome.
Declarações suas sobre a Alca
(Área Livre de Comércio das
Américas), concedidas em setembro deste ano, já o haviam aproximado da cúpula petista. "A Alca
não é obrigatória. Ela só é interessante na medida em que tenhamos vantagens", afirmou à época.
A Sadia exporta pequena quantidade de produtos para os Estados
Unidos, por causa de barreiras tarifárias e fitossanitárias.
Furlan, segundo vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), é
próximo de Horacio Lafer Piva,
presidente da entidade e agora
um dos interlocutores frequentes
de Lula. Vai comandar um ministério ao qual estão vinculados o
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a Camex (Câmara de Comércio Exterior).
Sua proposta de estímulo à exportação se assemelha à defendida por Lula na campanha presidencial, avaliam petistas. Defende
a criação no Brasil de um órgão
coordenador do comércio exterior, ligado ao presidente da República, como a United States
Trade Representative (USTR),
dos Estados Unidos.
Propõe o estabelecimento de
um número restrito de prioridades para a exportação. "Quem
tem muitas prioridades não tem
nenhuma", costuma dizer.
O novo ministro quer que o país
defina setores nos quais possa ser
competitivo. Recentemente, na
Fiesp, calculou que as exportações brasileiras, que devem encerrar este ano em algo perto de US$
12 bilhões, podem chegar a US$ 16
bilhões em 2003.
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