São Paulo, domingo, 13 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Oposição cobra Lobão Filho por denúncia

Filho do senador Edison Lobão teria usado laranjas em distribuidora de bebidas da qual seria sócio, segundo revista

Segundo Lobão Filho, que pode assumir o mandato do pai, indicado para ministro, houve "má fé'; PSDB e DEM dizem que acusação é grave

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

PSDB e DEM cobraram ontem explicações ao primeiro suplente de senador Edison Lobão Filho (DEM-MA) sobre o suposto uso de laranjas no comando de uma empresa distribuidora de bebidas da qual ele seria sócio. Líderes de ambos os partidos reconheceram que a denúncia é grave e precisa ser apurada.
De acordo com reportagem da revista "Veja" desta semana, Lobão Filho transferiu cotas da Bemar, uma distribuidora de bebidas no Maranhão, para o nome de uma empregada doméstica sem a anuência dela. "Se pudesse voltar atrás, diria para não botar minha participação por meio de laranjas", disse ele segundo a revista.
Ainda segundo a reportagem, Lobão Filho teria tomado a medida, em 1999, porque a Bemar aparecia com dívidas bancárias de R$ 5,5 milhões. Na época, ele havia acabado de entrar para a política visando uma candidatura a primeiro suplente do pai, em 2002, e não queria ver seu nome ligado a dívidas.
Nos próximos dias, Lobão Filho poderá assumir o mandato do pai, Edison Lobão (PMDB-MA), que deverá ser anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como novo ministro de Minas e Energia. O nome dele, porém, ainda enfrenta resistências de setores do governo. Sobretudo da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef.
"Refuto veementemente o teor da matéria da revista "Veja". Estou preparando uma resposta formal para tais insinuações", afirmou ontem Lobão Filho, em nota.
"Há má fé na reportagem, evidenciada pelo tom desrespeitoso com que a revista se refere a mim e reforçada pelo fato de o repórter ter me dito que já havia me entrevistado na quinta-feira, quando na verdade havia conversado com uma pessoa que se fez passar por mim, de um telefone que não é nem nunca foi meu, e para o qual o repórter da revista "Veja" ligou -num flagrante de falsidade ideológica que o repórter da "Veja" ignorou", disse ainda.
"Oito anos atrás, transferi minha participação em uma empresa para pessoas que meu ex-sócio indicou -decisão sobre a qual ele tem total responsabilidade", completou.

Esclarecimentos
"Esse assunto é gravíssimo. Tanto o pai quanto o filho devem prestar mais esclarecimentos", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). "Tudo o que o Senado não precisa são fatos como este. É preciso que o mal seja cortado pela raiz", completou.
Partido pelo qual Lobão Filho está filiado, o DEM cobrou explicações do primeiro suplente de senador. "Não sabia que ele ainda permanecia no DEM. Pensei que tivesse mudado para o PMDB junto com o pai", disse o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia. "Ele terá de se explicar."
Um dos responsáveis pela articulação para colocar Lobão no ministério, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que vai procurar o senador para obter dados. "Preciso saber detalhes para poder tomar uma posição."


Texto Anterior: Elio Gaspari: A "Bolsa Casa Branca" do guru do tucanato
Próximo Texto: Ex-sócia aponta utilização de documento falso
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.