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Contra reestruturação, índios invadem Funai
Manifestantes pedem demissão do presidente da fundação e revogação de decreto que fechou postos pelo país
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Contrariados com as recentes mudanças na estrutura da
Funai, cerca de 250 índios, segundo a Polícia Militar, invadiram a sede da fundação, em
Brasília, e impediram que funcionários entrassem no prédio.
Eles também protestaram em
frente ao Ministério da Justiça.
Desde anteontem, grupos indígenas de diversas regiões do
país chegam a Brasília para
pressionar o governo a revogar
o decreto 7.056, assinado pelo
presidente Lula no fim de dezembro. Segundo eles, o decreto de reestruturação da Funai
(Fundação Nacional do Índio),
reivindicação antiga dos índios,
fechou administrações regionais e postos indígenas no país.
Eles alegam que o decreto foi
aprovado sem a participação de
grupos indígenas, que não tiveram acesso ao conteúdo do texto antes de sua publicação.
Em Curitiba, cerca de 60 índios invadiram ontem a sede da
Funai, que será fechada. No sudoeste do Estado, onde se concentra a maior parte da população indígena paranaense, cerca
de 150 índios bloquearam a BR-373 perto de Pato Branco (PR).
O decreto de reestruturação
da Funai prevê a criação de 36
coordenações regionais, em vez
das atuais 45, e de 297 unidades
locais, que terão atuação semelhante à dos atuais 337 postos.
Segundo a Apib (Articulação
dos Povos Indígenas do Brasil),
diversas etnias pedem a revogação do decreto, audiências
com Lula e com o ministro Tarso Genro (Justiça), além da demissão do presidente da Funai,
Márcio Meira. Os índios afirmavam que ficariam em frente
à sede da Funai até que as reivindicações fossem atendidas.
"As Funais regionais foram
extintas e as nossas bases nem
foram consultadas", disse Cretã Kaygang. Segundo ele, em diversas regiões do país a tensão
com fazendeiros se agravou
após o fechamento dos postos.
Márcio Meira, presidente da
Funai, diz que a rede de atendimento não diminuiu ("talvez
haja a necessidade de maior explicação, tradução do que está
no decreto") e descarta a falta
de diálogo: "Numa reestruturação nem sempre é possível consultar todos os povos indígenas
do Brasil".
(LARISSA GUIMARÃES e ESTELITA HASS CARAZZAI)
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