São Paulo, quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

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Contra reestruturação, índios invadem Funai

Manifestantes pedem demissão do presidente da fundação e revogação de decreto que fechou postos pelo país

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Contrariados com as recentes mudanças na estrutura da Funai, cerca de 250 índios, segundo a Polícia Militar, invadiram a sede da fundação, em Brasília, e impediram que funcionários entrassem no prédio. Eles também protestaram em frente ao Ministério da Justiça.
Desde anteontem, grupos indígenas de diversas regiões do país chegam a Brasília para pressionar o governo a revogar o decreto 7.056, assinado pelo presidente Lula no fim de dezembro. Segundo eles, o decreto de reestruturação da Funai (Fundação Nacional do Índio), reivindicação antiga dos índios, fechou administrações regionais e postos indígenas no país.
Eles alegam que o decreto foi aprovado sem a participação de grupos indígenas, que não tiveram acesso ao conteúdo do texto antes de sua publicação.
Em Curitiba, cerca de 60 índios invadiram ontem a sede da Funai, que será fechada. No sudoeste do Estado, onde se concentra a maior parte da população indígena paranaense, cerca de 150 índios bloquearam a BR-373 perto de Pato Branco (PR).
O decreto de reestruturação da Funai prevê a criação de 36 coordenações regionais, em vez das atuais 45, e de 297 unidades locais, que terão atuação semelhante à dos atuais 337 postos.
Segundo a Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), diversas etnias pedem a revogação do decreto, audiências com Lula e com o ministro Tarso Genro (Justiça), além da demissão do presidente da Funai, Márcio Meira. Os índios afirmavam que ficariam em frente à sede da Funai até que as reivindicações fossem atendidas.
"As Funais regionais foram extintas e as nossas bases nem foram consultadas", disse Cretã Kaygang. Segundo ele, em diversas regiões do país a tensão com fazendeiros se agravou após o fechamento dos postos.
Márcio Meira, presidente da Funai, diz que a rede de atendimento não diminuiu ("talvez haja a necessidade de maior explicação, tradução do que está no decreto") e descarta a falta de diálogo: "Numa reestruturação nem sempre é possível consultar todos os povos indígenas do Brasil". (LARISSA GUIMARÃES e ESTELITA HASS CARAZZAI)


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