São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

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INVESTIGAÇÃO

Caso Waldomiro completa três anos com pouco avanço

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O saldo de três anos de investigação sobre o primeiro grande escândalo do governo Lula resume-se à descoberta de indícios de que o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz e o advogado Rogério Buratti teriam praticado tráfico de influência.
Eles, supostamente, teriam intermediado, entre janeiro e abril de 2003, a renovação de um contrato de R$ 650 milhões que a Caixa Econômica Federal mantinha com a GTech, empresa que então gerenciava todo o sistema lotérico do país. A pena máxima é de cinco anos de prisão, além de multa.
Na época, Waldomiro trabalhava diretamente com o então ministro José Dirceu (Casa Civil). Buratti é ligado ao ex-ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda). Os ex-ministros deixaram o governo por conta de escândalos.
Hoje completam-se três anos que a revista "Época" revelou trechos de uma fita de vídeo em que Waldomiro aparece cobrando propina do empresário do jogo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Desde que foi aberta a investigação na esfera penal federal, o indício mais forte de que Waldomiro teria intermediado a negociação da Caixa com a GTech é o fato de que ele esteve pelo menos uma vez na sede administrativa do banco em Brasília, no dia 25 de março de 2003, duas semanas antes de a Caixa decidir prorrogar o contrato com a GTech.
Em depoimento à CPI dos Bingos, ele confirmou a ida ao banco, mas negou ter tratado do assunto GTech com diretores da instituição.
Executivos da GTech afirmam que Waldomiro e Buratti cobraram R$ 16 milhões para que a Caixa renovasse o contrato na ocasião. Negam que tenham pago. Se houve pagamento, a investigação não apontou o beneficiário.
Na busca do rastro do dinheiro, a PF e o Ministério Público vão agora focar a investigação em empresas que prestaram serviços à GTech
Procurado pela Folha, o advogado de Waldomiro, Luiz Guilherme Vieira, disse: "não existe nada contra meu cliente". O advogado de Buratti não respondeu. Cachoeira está viajando.


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