São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

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Toda Mídia

Nelson de Sá

VALE-TUDO

Band/Reprodução
Na disputa por audiência com a Globo, o sensacionalismo policialesco do "Jornal da Band" apareceu com vídeo cedido pela polícia de São Paulo, mostrando cenas de consumo de cocaína em uma festa -e o suposto envolvimento do PCC. E tome campanha, nas entrevistas com delegados e outros.

A Globo perdeu

O "JN" até deu Dorothy Stang antes de explorar o menino João, ontem na escalada e no primeiro bloco.
Na reportagem de sua campanha, concentrou-se na reação das "autoridades", antes com o presidente da República, ontem com o presidente da Câmara, a presidente do Supremo, o presidente da OAB, todos contra questionar a maioridade penal. A rede acabou sozinha com ACM, sempre ele, e com o deputado Alberto Fraga, também pefelista -e que comandou o esforço que manteve o porte de armas no referendo. Assim, após cinco dias, a Globo desistiu da campanha.
Mas o "JN" não se conteve inteiramente e, além da entrevista com a mãe, explorada uma vez mais, deu um diálogo ensaiado de William Bonner com Fátima Bernardes, a quem ele perguntou como se sentiu ao fazer a entrevista. Claro, ela também se "emocionou". Desculpa-se, por conseguinte, todo sensacionalismo.

DE TRÊS LADOS
Os telejornais noticiaram, de passagem ao menos, a grande batalha que deixou mortos e confrontou policiais, traficantes e milicianos no Rio, no final da semana.
Pelo mundo, em emissoras e sites que não se prestam a explorar a morte do menino, foi a notícia do dia sobre o país, com enunciados como "polícia combate gangues e milícias", do canal de notícias da BBC, e "tiroteio de três lados mata nove no Rio", da agência Associated Press.

"VIGILANTES"
O "Observer", no domingo, deu longa reportagem sobre a "guerra de rua", destacando que chegou à Cidade de Deus.
Faz várias entrevistas, para estabelecer que o "banho de sangue" não se restringe mais a policiais e gangues -e tem como novos protagonistas os "grupos de vigilantes", como um apelidado de "Galacticos". Eles teriam o apoio "pouco disfarçado" de políticos como o prefeito Cesar Maia ou o deputado Flavio Bolsonaro.
E tudo lembra a Colômbia.

A VISITA DO PATO MANCO

"Los Angeles Times" e "Miami Herald", os dois jornais americanos mais atentos à América Latina, avaliam que a anunciada visita de George W. Bush vem "tarde demais".
Para o primeiro, o "vazio" deixado pelos EUA na região nos últimos anos pode crescer até mais, ao evidenciar-se um presidente "politicamente debilitado", "lame duck", pato manco. Em declaração de David Fleischer, da UnB, a Casa Branca "corre atrás para ver se salva alguma coisa".
O segundo, na coluna de Andres Oppenheimer, também fala em "pato manco" e atraso na priorização da região. Diz que, se tanto, Bush vai lembrar os visitados, inclusive Brasil, que os EUA são ainda o maior mercado do mundo.

PUTIN E OS BRICS
Segundo o "Washington Post", no discurso que fez em Munique para questionar as ações desestabilizadoras dos EUA, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, argumentou que "o PIB combinado dos países Brics, Brasil, Rússia, Índia e China, ultrapassa o da União Européia". E também, notou, o dos Estados Unidos.
Para Putin, "o potencial econômico dos novos centros globais vai inevitavelmente se converter em influência política e fortalecer", contra os EUA, "a multipolaridade".

EMERGENTES S/A
O "Financial Times" traz longo texto sobre Antoine Van Agtmael, que cunhou, antes dos Brics da Goldman Sachs, a palavra "emergentes" e assim "definiu uma classe inteira de investimento". Há 25 anos, ele não queria "fundo de terceiro mundo", pensou num fim de semana e veio com "mercados emergentes". "Como nós sabemos, pegou."
Agtmael agora tem como projeto fazer o mesmo com as empresas dos emergentes. Destaca 25, inclusive Aracruz e Embraer, duas brasileiras.


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@ - Nelson de Sá


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