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REVIRAVOLTA NA SUCESSÃO
Marido e sócio de Roseana diz que R$ 1,34 mi serviria para despesas de campanha
Murad assume culpa pelo dinheiro e pede demissão
ANDRÉA MICHAEL
ENVIADA ESPECIAL A SÃO LUÍS
Em mais uma tentativa -tida
como a definitiva- de explicar a
origem do R$ 1,34 milhão encontrado há 12 dias pela Polícia Federal no escritório da Lunus, em São
Luís, Jorge Murad assumiu integralmente a responsabilidade pela arrecadação do dinheiro, que
serviria para a campanha da mulher, a presidenciável pefelista,
Roseana Sarney.
Depois de ler a nota previamente preparada, Murad anunciou a
decisão de deixar o cargo de gerente de Planejamento do Estado.
A legislação não permite que sejam recolhidas doações para as
candidaturas antes de 6 de julho,
início oficial das campanhas. Murad observou que a campanha de
Roseana ""de fato" já estava na rua
e afirmou: "Agi só. Agi por determinação própria".
Os jornalistas presentes foram
avisados de que não seria permitido fazer perguntas. Às 14h59, Murad sentou-se à mesa colocada em
uma das varandas do Palácio dos
Leões, a sede do governo do Maranhão. Visivelmente mais magro, leu o texto sem levantar os
olhos e se retirou rapidamente.
Pefelistas da cúpula do partido
avaliam que a justificativa de Murad veio com atraso e não será suficiente para estancar os prejuízos
eleitorais sofridos por Roseana.
Mas reconhecem que se trata da
única saída possível para o momento, pois não constitui crime
assumir doação ou arrecadação
de campanha fora de prazo. Mesmo sem a operação estar formalizada nos registros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
A nota foi escrita na segunda-feira, com o acompanhamento do
criminalista Antonio Carlos de
Almeida Castro e do especialista
em legislação eleitoral e consultor
do PFL Torquato Jardim.
"Claro que isso deveria ter sido
dito antes", afirma Almeida Castro. "Ele [Murad" não cometeu
nenhum crime eleitoral. Neste caso, não há punição para quem dá
nem para quem recebe. Além do
que, o dinheiro não foi usado."
A dupla Castro e Jardim foi levada a São Luís especialmente para
comandar o desfecho de uma história que já passou por seis versões desde o dia 1º de março,
quando a Polícia Federal, cumprindo um mandado judicial,
apreendeu documentos, equipamentos e a quantia em dinheiro
na sede da Lunus.
A operação policial está relacionada às investigações sobre suposto desvio de verbas da extinta
Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
A ação da PF resultou na crise
da aliança entre PSDB e PFL e levou os pefelistas, sob pressão de
Roseana, a deixarem o governo.
Antes de ser divulgada, a nota
de Murad passou pela aprovação
do presidente do PFL, o senador
licenciado Jorge Bornhausen, que
esteve em São Luís especialmente
para selar o desfecho do episódio
que começou no dia 1º de março.
O pefelista elogiou a "fibra" de
Roseana e disse que a justificativa
era correta e consistente.
O texto não explica a origem do
R$ 1,34 milhão e afirma que as
versões apresentadas anteriormente foram iniciativa de "amigos das horas difíceis" e apresenta
desculpas à governadora e ao PF.
Na conclusão, Murad reafirma
que mantém "a firme convicção"
de que nada fez de ilegal. Mas não
faz nenhuma referência às investigações da Sudam, na qual ele é
um dos alvos.
Enquanto Murad lia a nota,
Bornhausen deixava os Leões sem
dar declarações sobre o teor da
nota. Afinal, ele chegou a São Luís
dizendo que sua missão era definir a formação de um conselho
político para a campanha presidencial de Roseana.
O ex-integrante do governo não
participou da reunião política,
mas se sentou à mesa do almoço,
quando o incômodo assunto deu
lugar à torta de camarão, ""catado" de caranguejo, farofa maranhense e goles de guaraná.
Colaborou RANIER BRAGON, da Agência Folha, em São Luís
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