São Paulo, sábado, 13 de março de 2004

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AGENDA POSITIVA

Presidente defendeu igualdade de direitos em entrega de rede elétrica no maior quilombo do país, em Goiás

Povo não suporta mais mentiras, diz Lula

EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A CAVALCANTE (GO)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso improvisado ontem numa comunidade remanescente de quilombos, em Cavalcante (GO), afirmou que "o povo brasileiro não suporta mais mentiras" e que o país "está subordinado àqueles que têm mais poder de fogo".
"O Brasil precisa de homens sérios, o Brasil precisa de gente que tenha coragem, o Brasil precisa de gente que tenha a coragem de olhar na cara do povo e, com a mesma sinceridade que tem para dizer sim, também ter para dizer não. Porque o povo brasileiro não suporta mais mentiras, não suporta mais que as coisas não sejam cumpridas."
Na prática, porém, o governo encontra dificuldades para cumprir as próprias promessas. No ano passado, por exemplo, Lula prometeu assentar 60 mil famílias, mas cumpriu pouco mais da metade disso (36 mil). Prometeu também para o ano passado implantar a "Farmácia Popular", que não saiu do papel. Das 50 unidades previstas para 2003, apenas quatro delas devem ser entregues no primeiro semestre deste ano.
Lula voltou a dizer que o país não pode ter pressa. "Se não dá para fazer dez coisas de uma só vez, vamos fazer uma. Porque, se a cada ano a gente fizer uma, no final de quatro anos você terá quatro coisas feitas (...) o Brasil pode e deve ser muito melhor do que é."
Diante de ministros e integrantes da comunidade calunga, o maior quilombo brasileiro, com cerca de 4.000 moradores, Lula reconheceu a desigualdade social brasileira. "O Estado brasileiro é um Estado que está subordinado àqueles que têm mais poder de fogo, àqueles que conseguem audiência com o presidente, com os governadores, com os prefeitos e, muitas vezes, àqueles que ganham mais em detrimento dos que ganham menos."
Ao anunciar 19 quilômetros de rede elétrica para o quilombo dos calungas, numa parceria com o governador Marconi Perillo (PSDB), também presente à cerimônia, Lula disse que o papel de Matilde Ribeiro não é de "enfeite" à frente da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. "Nós colocamos uma negra secretária para que ela levante os problemas com os quais vivem os negros e as negras no Brasil, para que a gente possa começar a resolvê-los, senão não os resolveremos nunca."


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