São Paulo, domingo, 13 de março de 2005

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Comportamento de juíza trouxe problema

DA REDAÇÃO

Maria Lúcia Pizzotti Mendes, 42, é mãe de quatro filhos. Sorridente e extrovertida, gosta de usar roupas coloridas. E é juíza.
"Esse meu jeito sempre me trouxe problemas. E sei que o preconceito existiu apenas porque sou mulher. Por que um homem pode falar com quem quiser, e a mulher, não?", pergunta Mendes. "A sensibilidade da mulher não traz nenhum mal para o Judiciário. Pelo contrário, só ajuda a melhorar", diz.
Ela diz que, desde sua entrada na carreira, em 1987, sofreu preconceitos. "Como eu sou extrovertida, queriam que eu falasse menos. Diziam que minha atitude não condizia com o comportamento de um juiz." A juíza conta que, em certa fase da carreira, um desembargador disse que ela sorria demais. "Acho isso um absurdo", afirma Mendes.
Outra dificuldade, diz ela, foi no trato com os colegas juízes e com os advogados. "Em muitas comarcas em que trabalhei, fui a primeira mulher. Os juízes tinham certa dificuldade em dividir o poder decisório com uma pessoa do sexo feminino. E os advogados não estavam acostumados a lidar com a situação."
"Certa vez, em uma cidade do interior, um réu disse: "Em mim, ninguém manda. Muito menos uma mulher'".
Mendes diz que não é feminista, mas lutou pelos direitos do gênero. Ela conta que vestia calça para ir ao tribunal "mesmo quando isso era proibido às mulheres". E comemora: "Hoje, pega mal alguém ser machista". (UM)


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