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Comportamento de juíza trouxe problema
DA REDAÇÃO
Maria Lúcia Pizzotti Mendes,
42, é mãe de quatro filhos. Sorridente e extrovertida, gosta de usar
roupas coloridas. E é juíza.
"Esse meu jeito sempre me
trouxe problemas. E sei que o preconceito existiu apenas porque
sou mulher. Por que um homem
pode falar com quem quiser, e a
mulher, não?", pergunta Mendes.
"A sensibilidade da mulher não
traz nenhum mal para o Judiciário. Pelo contrário, só ajuda a melhorar", diz.
Ela diz que, desde sua entrada
na carreira, em 1987, sofreu preconceitos. "Como eu sou extrovertida, queriam que eu falasse
menos. Diziam que minha atitude
não condizia com o comportamento de um juiz." A juíza conta
que, em certa fase da carreira, um
desembargador disse que ela sorria demais. "Acho isso um absurdo", afirma Mendes.
Outra dificuldade, diz ela, foi no
trato com os colegas juízes e com
os advogados. "Em muitas comarcas em que trabalhei, fui a primeira mulher. Os juízes tinham
certa dificuldade em dividir o poder decisório com uma pessoa do
sexo feminino. E os advogados
não estavam acostumados a lidar
com a situação."
"Certa vez, em uma cidade do
interior, um réu disse: "Em mim,
ninguém manda. Muito menos
uma mulher'".
Mendes diz que não é feminista,
mas lutou pelos direitos do gênero. Ela conta que vestia calça para
ir ao tribunal "mesmo quando isso era proibido às mulheres". E
comemora: "Hoje, pega mal alguém ser machista".
(UM)
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