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PODEROSAS
Primeira mulher chegou ao TJ-SP apenas em 1997
DA REDAÇÃO
Entre uma foto e outra, a
assessoria de imprensa do
TJ-SP informou: "Há uma
solicitação para que elas fiquem lindas". O tom parecia
de brincadeira, mas no pedido havia um fundo de verdade. Na pose seguinte, uma
desembargadora pergunta:
"Será que esse ângulo é
bom?".
O Tribunal de Justiça de
São Paulo tem 332 desembargadores -324 homens e
8 mulheres. Para fazer as fotos, foram reunidas sete.
Com orgulho, uma delas fez
questão de dizer: "Não é
porque somos desembargadoras que deixamos de ser
mulheres vaidosas".
As desembargadoras gostam de dizer que são o exemplo de que a situação está
mudando. Mas algumas coisas continuam iguais. Após
uma pergunta indiscreta do
repórter, elas fecharam acordo para que nenhuma revelasse a idade.
A vaidade e a sensibilidade
feminina, dizem elas, só
enriquece o tribunal. "Se as
mulheres são mães aptas a
educar os futuros juízes, por
que não seriam aptas para
ser juízas?", pergunta Isabela
de Magalhães Gomes, que
foi a segunda mulher a chegar ao TJ, em 2003.
A presença de "tantas"
mulheres entre os membros
do TJ-SP é fato recente. A
primeira desembargadora,
Luzia Galvão da Silva, chegou ao Tribunal de Justiça
em 1997 pelo quinto constitucional -parcela de um
quinto dos membros de cada tribunal (segunda instância) reservada para membros do Ministério Público e
para advogados.
As primeiras magistradas
de carreira (que prestaram
concurso para ser juízas) a se
tornarem desembargadoras
chegaram ao TJ-SP apenas
depois que foi publicada a
reforma do Judiciário, no final do ano passado.
Zélia Maria Alves e Berenice Marcondes Cesar atuavam nos agora extintos tribunais de alçada.
Embora o TJ-SP exista desde 1874 e o primeiro concurso para a magistratura tenha
sido realizado em 1922, as
primeiras mulheres passaram apenas no 146º concurso, em 1980. Entre as três
aprovadas, estavam Alves e
Cesar. Como a carreira é longa, só agora conseguiram
chegar ao tribunal.
De acordo com o presidente do TJ, desembargador
Luiz Elias Tâmbara, antes de
1980, as mulheres não passavam em concursos por causa
de "um conservadorismo
que existia no Estado de São
Paulo, não porque fosse
proibido. Os candidatos
eram identificados nas provas escritas, e as mulheres
eram reprovadas".
(UM)
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