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NO AR
Aura de notícia
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Heloísa Helena e João
Batista de Araújo, o Babá, não demoraram a jogar a
imagem. Da primeira:
- Não vou me curvar ao Tribunal do Santo Ofício da Inquisição!
E logo os aliados do governo
Lula eram tratados como "delinquentes da política brasileira", por ela, no Jornal da Record. E logo o Partido dos Trabalhadores era acusado de "violar os direitos humanos", por
ele, na Jovem Pan.
Se terminarem mesmo sendo
expulsos do PT, os dois farão
muita falta à cobertura.
Até porque, num partido menor como o PSTU ou o PDT de
Leonel Brizola, devem perder as
câmeras. Na avaliação dele,
Alexandre Garcia:
- Parte da animação dos dissidentes se deve às câmeras, que
adoram um diferente. Dissidente fica com aura de notícia.
Quando descobre isso, o dissidente passa a gerar fatos. Isso é o
que incomodou mais o PT.
De fato, a direção petista pode
dar os argumentos que quiser,
pode afirmar que os dois e Luciana Genro levantaram ações
-e não opiniões- contra o
partido.
Mas foi o espetáculo, não a
ação, que incomodou mais. Lula e Duda Mendonça podiam
juntar as melhores notícias imagináveis que lá estavam os "radicais" para tomar seu lugar,
nos telejornais.
Incomodaram não só por serem dissidentes, diferentes, na
expressão de Garcia, mas por serem eles próprios uns personagens -como Lula.
Heloísa Helena e Babá, sobretudo, mas também a filha de
Tarso Genro, a jovem "radical"
contra o pai moderado.
Fora do PT, estarão sem palanque eletrônico e conseguirão,
quando muito, algum registro
lateral, por usarem mordaças
negras em manifestações contra
Lula. Coisas assim.
Não se viram nem Paulo Paim
nem Lindberg Farias nem João
Fontes, ontem na TV.
A idolatria eletrônica de Lula
tem suas passagens mais constrangedoras. No fim de semana,
destacou a Globo, um "grupo de
gaúchos foi ao Palácio da Alvorada". Montaram "acampamento com ovelha, costela assada e, claro, muito chimarrão".
Da Globo:
- Lula recebeu uma cuia e
um pé de erva mate. E, para o
programa Fome Zero, ganhou
uma égua.
Ontem na rádio Bandeirantes, o ministro José Graziano lamentava que as contribuições
ao Fome Zero estão bem abaixo
do esperado, somando pouco
mais de R$ 500 mil. Falta incluir
a égua, é claro.
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