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São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2003

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NO AR

Aura de notícia

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Heloísa Helena e João Batista de Araújo, o Babá, não demoraram a jogar a imagem. Da primeira:
- Não vou me curvar ao Tribunal do Santo Ofício da Inquisição!
E logo os aliados do governo Lula eram tratados como "delinquentes da política brasileira", por ela, no Jornal da Record. E logo o Partido dos Trabalhadores era acusado de "violar os direitos humanos", por ele, na Jovem Pan.
Se terminarem mesmo sendo expulsos do PT, os dois farão muita falta à cobertura.
Até porque, num partido menor como o PSTU ou o PDT de Leonel Brizola, devem perder as câmeras. Na avaliação dele, Alexandre Garcia:
- Parte da animação dos dissidentes se deve às câmeras, que adoram um diferente. Dissidente fica com aura de notícia. Quando descobre isso, o dissidente passa a gerar fatos. Isso é o que incomodou mais o PT.
De fato, a direção petista pode dar os argumentos que quiser, pode afirmar que os dois e Luciana Genro levantaram ações -e não opiniões- contra o partido.
Mas foi o espetáculo, não a ação, que incomodou mais. Lula e Duda Mendonça podiam juntar as melhores notícias imagináveis que lá estavam os "radicais" para tomar seu lugar, nos telejornais.
Incomodaram não só por serem dissidentes, diferentes, na expressão de Garcia, mas por serem eles próprios uns personagens -como Lula.
Heloísa Helena e Babá, sobretudo, mas também a filha de Tarso Genro, a jovem "radical" contra o pai moderado.
Fora do PT, estarão sem palanque eletrônico e conseguirão, quando muito, algum registro lateral, por usarem mordaças negras em manifestações contra Lula. Coisas assim.
 
Não se viram nem Paulo Paim nem Lindberg Farias nem João Fontes, ontem na TV.
 
A idolatria eletrônica de Lula tem suas passagens mais constrangedoras. No fim de semana, destacou a Globo, um "grupo de gaúchos foi ao Palácio da Alvorada". Montaram "acampamento com ovelha, costela assada e, claro, muito chimarrão". Da Globo:
- Lula recebeu uma cuia e um pé de erva mate. E, para o programa Fome Zero, ganhou uma égua.
Ontem na rádio Bandeirantes, o ministro José Graziano lamentava que as contribuições ao Fome Zero estão bem abaixo do esperado, somando pouco mais de R$ 500 mil. Falta incluir a égua, é claro.


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