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Decisão não surpreende mercado
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O anúncio do STF (Supremo
Tribunal Federal) de abrir uma
investigação contra o presidente
do Banco Central, Henrique Meirelles, suspeito de crime contra o
sistema financeiro, crime eleitoral
e evasão de divisas, não causou
surpresa no mercado financeiro.
"Já contávamos com isso. Surpresa seria se não viesse o pedido
de investigação", disse Luis Fernando Lopes, economista-chefe
do Banco Pátria.
No mercado, a decisão do STF
causou efeito apenas marginal. O
Ibovespa, principal indicador da
Bolsa de Valores de São Paulo, teve queda de 2,35%, mas, segundo
os analistas, a maior parte da queda é atribuída ao cenário externo.
O dólar subiu 0,4% também por
causa do cenário externo.
A percepção dos analistas ouvidos pela Folha é que hoje já há um
descolamento entre a figura de
Meirelles e a condução -e manutenção- da política monetária
do Brasil, o que faz com que investidores não se assustem com a
decisão do STF.
Esse tipo de imbróglio com o
presidente do BC, dizem, não tem
potencial para causar turbulências, como a fuga de investidores
ou grandes abalos no risco-país
brasileiro. Os analistas argumentam que os demais indicadores da
economia e, sobretudo, as indicações oferecidas pelo ministro da
Fazenda, Antonio Palocci, são os
fatores mais importantes.
"Já está claro para nós o que está
acontecendo na economia: controle de gastos e políticas fiscais
consistentes são decisões do governo como um todo e não apenas de Meirelles ou do Banco
Central", afirmou Alexandre
Lintz, estrategista-chefe do banco
BNP Paribas.
Há também um certo descrédito com relação a possíveis descobertas de irregularidades ao longo
da investigação. "Meirelles já foi
investigado anteriormente nos
EUA, que têm um sistema rígido,
e nada foi encontrado", diz Lopes.
"A princípio, não acredito que
sejam feitas grandes revelações
nesse caso", declarou Lintz.
O mercado parece preparado
até mesmo para uma saída de
Meirelles do comando do BC.
"Não tenho preocupação nesse
sentido. Além disso, o governo
não teria problemas em encontrar
um bom substituto para o cargo",
afirmou Lintz.
De forma ainda bastante discreta, o nome de Murilo Portugal, indicado para a secretaria executiva
do Ministério da Fazenda, já circula como uma boa opção para
substituir Meirelles.
A agência americana de risco
Moody's recentemente recomendou em seu relatório mensal que
seus investidores ficassem atentos
à manutenção do status de ministro do presidente do Banco Central do Brasil.
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