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GOVERNO SOB PRESSÃO
Henrique Meirelles se declara "absolutamente confortável" no cargo e diz que sua vida é pautada pela ética
Investigação é positiva, diz presidente do BC
CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
O presidente do BC (Banco
Central), Henrique Meirelles,
classificou ontem como "positiva" a decisão do Supremo Tribunal Federal de autorizar a abertura de inquérito contra ele e afirmou que continuará no cargo enquanto durar a investigação.
"Considero positiva a decisão,
porque ela vai permitir que os
questionamentos sejam analisados de forma adequada e isenta de
motivações políticas", declarou
Meirelles em entrevista concedida
depois de sua participação no 17º
Fórum Nacional, no Rio.
O inquérito foi aberto a pedido
do procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, e investigará
acusações de sonegação fiscal,
evasão de divisas e crime eleitoral.
Apesar de Meirelles afirmar que a
decisão é "positiva", seus advogados tentaram nos últimos dias
impedir a abertura de inquérito.
O presidente do BC chegou às
18h ao edifício do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), onde foi realizado o Fórum Nacional. Para
driblar repórteres, fotógrafos e cinegrafistas que o aguardavam na
porta do elevador privativo, Meirelles subiu por outro elevador e
foi diretamente para a sala do
evento.
Em discurso de menos de 15 minutos, o presidente do BC defendeu a política monetária como
instrumento eficaz de combate à
inflação e concedeu entrevista coletiva em seguida.
Meirelles disse que a investigação lhe dará oportunidade de
mostrar que sua vida "sempre foi
pautada pela legalidade, pela ética
e pela transparência". Acrescentou que se sente "absolutamente
confortável" no cargo e evitou fazer previsões sobre reações do
mercado à decisão do STF.
O presidente do BC considerou
como "parte da democracia" a sugestão do presidente da Câmara
dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), de que ele se afaste
do cargo durante as investigações.
Em seu discurso, Meirelles disse
que existe "ceticismo renitente"
de analistas em relação à eficácia
da política monetária no combate
à inflação. Elencou as críticas
mais freqüentes, afirmou que
muitas são contraditórias e terminou com a defesa da alta de juros
para controle de preços.
Entre as críticas elencadas por
Meirelles está a de que inflação no
Brasil é particularmente resistente e que o aumento de juros reduz
a atividade econômica, mas tem
efeitos limitados sobre preços. Ao
rejeitar a tese, ele citou a queda de
17,2% para 5,2% da inflação acumulada em 12 meses entre maio
de 2003 e junho de 2004.
A alta dos preços foi a principal
justificativa do BC para elevar juros nas oito últimas reuniões do
Copom (Comitê de Política Monetária). No último encontro, em
abril, a taxa básica de juros (Selic)
foi elevada para 19,5%.
O Copom volta a se reunir na
próxima semana. Alguns analistas acreditam que a taxa poderá
ser reajustada mais uma vez em
razão do resultado do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que teve alta de 0,87% em
abril, acima do esperado.
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