São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2005

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GOVERNO SOB PRESSÃO

Henrique Meirelles se declara "absolutamente confortável" no cargo e diz que sua vida é pautada pela ética

Investigação é positiva, diz presidente do BC

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

O presidente do BC (Banco Central), Henrique Meirelles, classificou ontem como "positiva" a decisão do Supremo Tribunal Federal de autorizar a abertura de inquérito contra ele e afirmou que continuará no cargo enquanto durar a investigação.
"Considero positiva a decisão, porque ela vai permitir que os questionamentos sejam analisados de forma adequada e isenta de motivações políticas", declarou Meirelles em entrevista concedida depois de sua participação no 17º Fórum Nacional, no Rio.
O inquérito foi aberto a pedido do procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, e investigará acusações de sonegação fiscal, evasão de divisas e crime eleitoral. Apesar de Meirelles afirmar que a decisão é "positiva", seus advogados tentaram nos últimos dias impedir a abertura de inquérito.
O presidente do BC chegou às 18h ao edifício do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), onde foi realizado o Fórum Nacional. Para driblar repórteres, fotógrafos e cinegrafistas que o aguardavam na porta do elevador privativo, Meirelles subiu por outro elevador e foi diretamente para a sala do evento.
Em discurso de menos de 15 minutos, o presidente do BC defendeu a política monetária como instrumento eficaz de combate à inflação e concedeu entrevista coletiva em seguida.
Meirelles disse que a investigação lhe dará oportunidade de mostrar que sua vida "sempre foi pautada pela legalidade, pela ética e pela transparência". Acrescentou que se sente "absolutamente confortável" no cargo e evitou fazer previsões sobre reações do mercado à decisão do STF.
O presidente do BC considerou como "parte da democracia" a sugestão do presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), de que ele se afaste do cargo durante as investigações.
Em seu discurso, Meirelles disse que existe "ceticismo renitente" de analistas em relação à eficácia da política monetária no combate à inflação. Elencou as críticas mais freqüentes, afirmou que muitas são contraditórias e terminou com a defesa da alta de juros para controle de preços.
Entre as críticas elencadas por Meirelles está a de que inflação no Brasil é particularmente resistente e que o aumento de juros reduz a atividade econômica, mas tem efeitos limitados sobre preços. Ao rejeitar a tese, ele citou a queda de 17,2% para 5,2% da inflação acumulada em 12 meses entre maio de 2003 e junho de 2004.
A alta dos preços foi a principal justificativa do BC para elevar juros nas oito últimas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária). No último encontro, em abril, a taxa básica de juros (Selic) foi elevada para 19,5%.
O Copom volta a se reunir na próxima semana. Alguns analistas acreditam que a taxa poderá ser reajustada mais uma vez em razão do resultado do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que teve alta de 0,87% em abril, acima do esperado.


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