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CONGRESSO
Senado aprovou ontem emenda prorrogando cobrança até 2004
Governo consegue aprovar
a CPMF sem interrupção
DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo venceu a batalha da
CPMF (Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira)
no Congresso. Ontem, 50 dias depois de a Câmara ter aprovado a
emenda que prorroga a cobrança
até 2004, o Senado concluiu a votação como queria o governo.
O projeto foi aprovado sem a referência à exigência ao período de
90 dias para entrar em vigor, a
chamada noventena, e antes de
vencer o prazo da atual CPMF,
cuja cobrança seria suspensa na
próxima terça, dia 18. A emenda,
aprovada com 58 votos favoráveis, sete contrários e duas abstenções, foi promulgada ontem
em sessão do Congresso às 19h30.
O término da votação vai provocar a liberação imediata de verbas para as chamadas emendas
individuais de deputados e senadores. As emendas destinam dinheiro público para obras nos
municípios aos quais os congressistas são ligados politicamente.
Em ano eleitoral, a destinação
de verbas significa apoio político
de prefeitos e votos para deputados e senadores. Só anteontem, o
governo liberou R$ 30,9 milhões
da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, enquanto nos cinco
primeiros meses do ano o total liberado havia sido de R$ 15,5 milhões. Ontem houve apenas a liberação de R$ 1,5 milhão.
"As emendas pessoais serão liberadas imediatamente. As
emendas de bancada, depois",
afirmou o líder do governo no Senado, Artur da Távola (PSDB-RJ).
Contestação
O PSB e o PDT devem entrar no
STF (Supremo Tribunal Federal)
contra a cobrança imediata do
imposto do cheque. Ministros do
Supremo, no entanto, já sinalizaram uma decisão favorável à permanência da contribuição.
O argumento do governo para
barrar eventual batalha jurídica é
que se trata da prorrogação de
uma contribuição já existente e
não a criação de uma nova. O prazo de conclusão da votação da
emenda pelo Congresso -antes
do dia 17, quando a atual CPMF
acaba- era essencial para a tese
de não suspender a cobrança.
O PT, que antes defendia a ação
no STF, pode recuar e ficar de fora
da briga para evitar desgaste político em ano eleitoral. Segundo o
líder petista no Senado, Eduardo
Suplicy (SP), a decisão será da
Executiva do partido no dia 28.
O senador Jefferson Peres
(PDT-AM) disse que, apesar de a
cobrança imediata da CPMF ser
inconstitucional, não vai defender
que seu partido recorra ao STF.
Segundo ele, o Brasil está refém
do mercado e, se o Supremo conceder liminar suspendendo a cobrança em caráter provisório, haverá um "terremoto" no país.
A emenda aprovada ontem
prorroga a cobrança da alíquota
de 0,38% até 31 de dezembro de
2003. Em 2004, a alíquota será de
0,08%, toda destinada toda ao
Fundo de Combate à Pobreza.
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