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CASO CC-5
Gustavo Franco permitiu que cinco bancos em Foz do Iguaçu enviassem dinheiro ao exterior sem avisar as autoridades
Delegado responsabiliza ex-presidente do BC
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O delegado da Polícia Federal
Antônio Carlos de Carvalho acusou ontem o ex-presidente do
Banco Central Gustavo Franco de
ser o responsável por viabilizar
operações de lavagem de dinheiro
de US$ 30 bilhões, entre 1996 e
1999, utilizando a agência do Banestado em Nova York.
"A culpa pela evasão de divisas é
do próprio BC. O presidente [do
BC em 1996] Gustavo Franco autorizou, sem submeter à diretoria
do órgão, a movimentação superior a R$ 10 mil [por meio de contas CC-5, destinadas a operações
de não-residentes no país]", afirmou Carvalho, ontem, em depoimento à Comissão de Segurança
Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara.
Carvalho presidiu o inquérito
do caso Banestado de julho de
2002 a março de 2003. Hoje, atua
como consultor da força-tarefa
constituída em Curitiba para comandar as investigações.
Em 1996, por determinação de
Franco, fez-se uma exceção à circular do BC que obrigava as instituições financeiras a lhe informarem a ocorrência de operações em
CC-5 superiores a R$ 10 mil.
O despacho garantiu a cinco
bancos de Foz do Iguaçu -Banestado, Araucária, Bemge, Real e
Banco do Brasil- o direito de fazer operações via CC-5 superiores
a R$ 10 mil sem registrá-las no BC.
Em agosto do ano passado, a PF
instaurou inquérito para apurar
suposto envolvimento de Franco
e do ex-diretor do BC José Maria
de Carvalho em "gestão fraudulenta, evasão de divisas e omissão
na prática de ofício".
Políticos
Os representantes da PF revelaram que nas movimentações já
mapeadas há pelo menos seis políticos, um ex-caixa de campanhas políticas e um ex-funcionário da Prefeitura de São Paulo,
além de artistas conhecidos.
"Se tudo isso for verdade, vai ser
cadeia para todo mundo", disse
Alberto Fraga (PMDB-DF), relator do grupo que, na comissão, investiga lavagem de dinheiro.
Devem depor na próxima terça-feira os procuradores Alexandre
Porciúncula (Foz do Iguaçu), José
Francisco Bezerra de Carvalho
(Curitiba), Luiz Francisco de Souza (Brasília), que acompanham o
caso Banestado, e o delegado
Maurício Valeixo, que hoje preside o inquérito.
A deputada Iriny Lopes (PT-ES)
apresentou requerimento para
que Gustavo Franco deponha na
comissão. O policiais estavam claramente divididos. O delegado
Castilho Neto e o perito Renato
Barbosa, que hoje estão cedidos
ao Ministério Público Federal em
Brasília, foram duramente criticados por Carvalho e pelo perito Eurico Montenegro.
No MPF, Castilho e Barbosa trabalham com os procuradores de
Brasília numa força-tarefa federal
que está apurando informações
sobre os beneficiários finais do dinheiro. Formalmente, no entanto,
estão fora do caso.
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