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Gravação liga lobista a governo Yeda, diz PF
Na conversa, empresário tucano age como representante do Detran diante de empresa alemã; Lair Ferst contesta interpretação
Vice-governador gaúcho agora nega possuir outras gravações de conversas com políticos e passa a evitar os contatos com a imprensa
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A crise política que afeta o
governo de Yeda Crusius
(PSDB-RS) teve mais um capítulo ontem com a divulgação,
pela CPI que investiga fraudes
no Detran do Estado, de telefonema que mostraria a ação de
um empresário tucano como
lobista de empresas interessadas em negócios com o órgão.
Em novembro do ano passado, uma operação da Polícia Federal prendeu 13 pessoas suspeitas de desviar R$ 44 milhões
do Detran, entre 2003 e 2007.
A Justiça Federal abriu processo contra 40 acusados de participação nas fraudes, e uma CPI
estadual foi aberta para apurar
o caso, que já derrubou quatro
membros do primeiro escalão
do governo de Yeda.
Na conversa divulgada ontem, de novembro passado, o
empresário Lair Ferst, ligado
ao PSDB e pivô do suposto esquema, age como uma espécie
de representante do Detran
diante de uma empresa alemã
interessada em fechar negócios
com o órgão estadual.
Segundo a interpretação da
Polícia Federal, Ferst acerta
um encontro de empresários
(que não tiveram os nomes divulgados) com o então presidente do Detran, Flávio Vaz
Netto. A conversa contradiz a
versão de Ferst, que nega ter
atuado como lobista no Detran
e os contatos com Vaz Netto. O
grampo foi feito em 1º de novembro, cinco dias antes de ser
deflagrada a Operação Rodin,
que prendeu 13 pessoas, entre
elas Ferst e Vaz Netto, suspeitas de participar da fraude.
"Vê qual a data que eles definirem que daí eu vou adaptar a
agenda [de Vaz Netto, segundo
a Polícia Federal]", disse Ferst
na conversa com um interlocutor não-identificado.
Ferst disse ontem que a PF se
baseia em suposições. Apontou
"contradição forte" entre a interpretação do grampo e a investigação da polícia. Segundo
ele, a conversa ocorreu quase
seis meses depois que empresas de sua família deixaram de
ser subcontratadas pelo Detran: "A PF interceptou meu telefone durante um ano e não há
uma conversa com o Vaz Netto", declarou Ferst ontem.
O empresário voltou a negar
envolvimento com as supostas
fraudes no órgão. Sem citar o
nome da empresa alemã, disse
que os empresários procuraram Detrans em todo o país,
mas que a reunião com funcionários do órgão no Estado não
aconteceu.
Vice-governador
O vice-governador do Rio
Grande do Sul, Paulo Feijó
(DEM), depôs ontem à força-tarefa do Ministério Público
que investiga possíveis desvios
de recursos de estatais gaúchas.
Em duas horas e meia de depoimento, ele negou que tenha
outras gravações de conversas
com políticos, contrariando o
que dissera na segunda, quando
prometeu revelar os diálogos
em "momento oportuno".
Na última sexta-feira, o vice-governador, inimigo político de
Yeda, divulgou gravação de 22
minutos de conversa em que o
ex-chefe da Casa Civil, Cézar
Busatto (PPS), reconhecia que
estatais gaúchas financiaram
campanhas eleitorais.
A divulgação da gravação, feita por Feijó, provocou a queda
de Busatto e acentuou a crise
política no Estado.
Feijó disse que tudo o que sabe sobre os supostos desvios de
recursos para financiar políticos se resume ao relatado por
Busatto na conversa. O vice evitou a imprensa ontem.
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