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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/REFORMA
Na semana passada, Lula havia feito declaração pública de apoio ao ministro e afirmado que ele só sairia do governo se quisesse
Gushiken diz ter sugerido mudança de status
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dos principais conselheiros
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva até aqui, Luiz Gushiken perdeu ontem não apenas o status de
ministro da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica como também a vaga cativa na reunião de coordenação política do
governo.
Gushiken mantém a função de
chefiar a comunicação e definir as
contas de publicidade do governo, mas como secretário e subordinado à ministra da Casa Civil,
Dilma Rousseff.
Sob suspeita de favorecimento
de seus ex-sócios numa empresa
de consultoria, Gushiken nem
mesmo participou da reunião ministerial de ontem. Estava em São
Paulo e dali viajou ao Rio de Janeiro. Na versão dos que são próximos a ele, Gushiken acertou toda a sua mudança de status no governo numa reunião a dois com
Lula, na semana passada.
Em nota divulgada ontem, Gushiken afirma que partiram dele as
sugestões de tornar a Secom uma
secretaria de outro ministério e de
tirar o status de ministro de seu
dirigente. Ele teria sugerido ainda
que o presidente ampliasse a
coordenação de governo.
Há, entretanto, a desconfiança
de que a decisão tenha sido unilateral de Lula, que na reunião ministerial de ontem comunicou
que a Secom (Secretaria de Comunicação) passaria a ser subordinada à Casa Civil, sem fazer nenhum elogio nem mesmo menção ao velho amigo Gushiken.
Na sexta-feira, ao dar posse aos
três novos ministros do PMDB,
Lula fora enfático ao dizer que
Gushiken seria mantido no cargo.
Com o esvaziamento do poder
de Gushiken no governo, Lula
perde mais uma ponta do seu tripé político inicial, formado por
José Dirceu na Casa Civil, Gushiken cuidando da publicidade e
Antonio Palocci Filho na Fazenda. Dirceu voltou à Câmara como
deputado, e Gushiken perde espaço. A tendência é a de que deixe o
governo no médio prazo.
Resta Palocci e emergem na cena política o ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, cada vez
mais ouvido por Lula, e o ministro Jaques Wagner (Conselho de
Desenvolvimento Econômico e
Social), que passa a acumular a
coordenação política.
Gushiken tinha um papel de
moderador nas crises internas e
era considerado o conselheiro
"zen" do presidente. Sua perda de
prestígio corresponde a denúncias de que, no atual governo,
houve aumento do faturamento
da empresa Globalprev, que pertence a seus ex-sócios e funciona
na casa de um parente seu. Além
disso, há denúncias de que a revista de um cunhado do ministro vinha sendo favorecida em cotas de
publicidade oficial.
Na nota de ontem, Gushiken fala ainda de medidas que atingem
a área de comunicação do governo. A primeira que ele tomou foi
encaminhar às rádios e ao Congresso Nacional a discussão de
uma "proposta de flexibilização"
da "Voz do Brasil", programa
transmitido em rede nacional e
obrigatório. O projeto deve fazer
com que o horário de retransmissão do programa -que hoje
ocorre diariamente às 19h- fique
a cargo da emissora.
A terceira medida parece ser relacionada às denúncias de favorecimento que atingem o ministro.
Ele solicitou à CGU (Controladoria Geral da União) a indicação de
um corregedor para controle interno da Secom.
(ELIANE CANTANHÊDE, VALDO CRUZ e ANA FLOR)
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