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Presidente vai cantar hinos do Brasil e da França na Bastilha ao lado de Gil
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva acompanhará seu ministro
da Cultura, o cantor e compositor
Gilberto Gil, para cantar hoje à
noite, na parisiense praça da Bastilha, a Marselhesa, o hino nacional francês, e o hino nacional brasileiro. Foi Gil, que já está em Paris
para uma série de concertos,
quem antecipou ao matutino "Le
Figaro" o coro de que participará
o presidente da República:
"A idéia de tocar os hinos nacionais é minha e me agrada bastante. O presidente Lula estará lá [na
praça da Bastilha] e nós cantaremos também, todos juntos, o hino brasileiro, antes de terminar
com uma das minhas canções
["Aquele Abraço']", afirmou o dublê de ministro [em férias] e cantor [em plena atividade].
O "todos" inclui Jorge Benjor,
Lenine, Daniela Mercury e Gal
Costa, estrelas do show brasileiro
que faz parte do mitológico "Baile
da Bastilha", que antecipa as comemorações do 14 de julho, a data nacional francesa. Lula chega
hoje a Paris, justamente para participar da festa francesa, a convite
do presidente Jacques Chirac.
Mesmo longe do Brasil, o presidente será perseguido pela sombra dos tucanos, seus principais
adversários na política interna.
Para começar, sua primeira atividade em Paris será uma palestra
na Sorbonne, o templo acadêmico que ajudou a dar fama ao professor Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor. Lula falará sobre "Brasil - Ator Global", tema
recorrente na diplomacia brasileira, mas ao qual o atual governo
deu especial ênfase.
Da Sorbonne, Lula parte para o
Bois de Boulougne, uma espécie
de Ibirapuera parisiense, para almoçar com empresários do Medef (Movimento de Empresas
Francesas), o conglomerado dos
homens de negócio da França.
O almoço será no restaurante
Pré-Catalan, o mesmo a que foi levado Fernando Henrique Cardoso em uma de suas viagens oficiais
à França como presidente.
Por fim, no dia seguinte, Lula é o
convidado de honra do desfile
militar comemorativo do 14 de julho, na igualmente legendária
avenida dos Campos Elíseos. "O
encerramento do desfile será
marcado pelo vôo de sete aviões
brasileiros Tucano", antecipa o
vespertino "Le Monde". Coube
justamente ao "Le Monde", extremamente simpático ao governo
Lula até bem recentemente, dar o
tom da visita, no título com que a
anunciou na segunda-feira: "Lula
visita Paris politicamente fragilizado pelos escândalos que afetam
seu partido". A visita estava prevista desde que a França escolheu
2005 para ser "o ano do Brasil na
França" (a cada ano é escolhido
um país). Tratava-se, portanto, de
festa, mais que substância política
ou econômica.
Mas os escândalos dos últimos
tempos acabaram fazendo com
que a programação tenha sido recheada com a assinatura de acordos, na verdade requentados. O
maior exemplo: o que trata da
construção da ponte sobre o rio
Oiapoque, entre o Brasil e a Guiana Francesa, uma iniciativa que
vem da gestão FHC e que é tratada
com todo o carinho por Chirac.
O presidente francês, sempre
que toca no assunto, faz questão
de lembrar que a maior fronteira
da França é justamente com o
Brasil, por causa da Guiana. Já fez
esse comentário na presença de
Fernando Henrique e do próprio
Lula, em visita anterior.
Amanhã, justamente o 14 de julho, o dia do presidente será dedicado praticamente todo à participação nas festividades.
Estará no palco armado na Place de la Concorde, uma das duas
pontas da avenida dos Campos
Elíseos, para acompanhar a passagem das tropas, que incluem cadetes da Academia Militar das
Agulhas Negras, a banda dos Fuzileiros Navais e a esquadrilha da
fumaça, além dos Tucanos.
À tarde, vai ao Palácio dos Campos Elíseos, sede do governo, para
a tradicional recepção da data nacional.
No dia seguinte, a parte propriamente oficial: Lula toma café da
manhã com o primeiro-ministro
Dominique de Villepin, no Palácio de Matignon. Depois, tem reunião de trabalho com Chirac, seguida da assinatura dos atos protocolares, que são cinco: dois
acordos na área de cooperação
aeronáutica, a ponte no Oiapoque
e acordos sobre produção cinematográfica e sobre o ambiente.
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