São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2005

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Presidente vai cantar hinos do Brasil e da França na Bastilha ao lado de Gil

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanhará seu ministro da Cultura, o cantor e compositor Gilberto Gil, para cantar hoje à noite, na parisiense praça da Bastilha, a Marselhesa, o hino nacional francês, e o hino nacional brasileiro. Foi Gil, que já está em Paris para uma série de concertos, quem antecipou ao matutino "Le Figaro" o coro de que participará o presidente da República:
"A idéia de tocar os hinos nacionais é minha e me agrada bastante. O presidente Lula estará lá [na praça da Bastilha] e nós cantaremos também, todos juntos, o hino brasileiro, antes de terminar com uma das minhas canções ["Aquele Abraço']", afirmou o dublê de ministro [em férias] e cantor [em plena atividade].
O "todos" inclui Jorge Benjor, Lenine, Daniela Mercury e Gal Costa, estrelas do show brasileiro que faz parte do mitológico "Baile da Bastilha", que antecipa as comemorações do 14 de julho, a data nacional francesa. Lula chega hoje a Paris, justamente para participar da festa francesa, a convite do presidente Jacques Chirac.
Mesmo longe do Brasil, o presidente será perseguido pela sombra dos tucanos, seus principais adversários na política interna.
Para começar, sua primeira atividade em Paris será uma palestra na Sorbonne, o templo acadêmico que ajudou a dar fama ao professor Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor. Lula falará sobre "Brasil - Ator Global", tema recorrente na diplomacia brasileira, mas ao qual o atual governo deu especial ênfase.
Da Sorbonne, Lula parte para o Bois de Boulougne, uma espécie de Ibirapuera parisiense, para almoçar com empresários do Medef (Movimento de Empresas Francesas), o conglomerado dos homens de negócio da França.
O almoço será no restaurante Pré-Catalan, o mesmo a que foi levado Fernando Henrique Cardoso em uma de suas viagens oficiais à França como presidente.
Por fim, no dia seguinte, Lula é o convidado de honra do desfile militar comemorativo do 14 de julho, na igualmente legendária avenida dos Campos Elíseos. "O encerramento do desfile será marcado pelo vôo de sete aviões brasileiros Tucano", antecipa o vespertino "Le Monde". Coube justamente ao "Le Monde", extremamente simpático ao governo Lula até bem recentemente, dar o tom da visita, no título com que a anunciou na segunda-feira: "Lula visita Paris politicamente fragilizado pelos escândalos que afetam seu partido". A visita estava prevista desde que a França escolheu 2005 para ser "o ano do Brasil na França" (a cada ano é escolhido um país). Tratava-se, portanto, de festa, mais que substância política ou econômica.
Mas os escândalos dos últimos tempos acabaram fazendo com que a programação tenha sido recheada com a assinatura de acordos, na verdade requentados. O maior exemplo: o que trata da construção da ponte sobre o rio Oiapoque, entre o Brasil e a Guiana Francesa, uma iniciativa que vem da gestão FHC e que é tratada com todo o carinho por Chirac.
O presidente francês, sempre que toca no assunto, faz questão de lembrar que a maior fronteira da França é justamente com o Brasil, por causa da Guiana. Já fez esse comentário na presença de Fernando Henrique e do próprio Lula, em visita anterior.
Amanhã, justamente o 14 de julho, o dia do presidente será dedicado praticamente todo à participação nas festividades.
Estará no palco armado na Place de la Concorde, uma das duas pontas da avenida dos Campos Elíseos, para acompanhar a passagem das tropas, que incluem cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras, a banda dos Fuzileiros Navais e a esquadrilha da fumaça, além dos Tucanos.
À tarde, vai ao Palácio dos Campos Elíseos, sede do governo, para a tradicional recepção da data nacional.
No dia seguinte, a parte propriamente oficial: Lula toma café da manhã com o primeiro-ministro Dominique de Villepin, no Palácio de Matignon. Depois, tem reunião de trabalho com Chirac, seguida da assinatura dos atos protocolares, que são cinco: dois acordos na área de cooperação aeronáutica, a ponte no Oiapoque e acordos sobre produção cinematográfica e sobre o ambiente.


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