São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2006

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Para sindicato, mídia "blinda" o governador

DO ENVIADO ESPECIAL

A falta de um debate amplo nos meios de comunicação sobre os acertos e erros da administração Aécio Neves foi reclamação comum de vários entrevistados pela Folha, em Belo Horizonte, que pediram para não ter seus nomes citados.
A alegação de que o governo do Estado atua para cercear a liberdade de imprensa foi tema de campanha do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, em 2004. O afastamento de jornalistas por suposta interferência do Palácio da Liberdade virou tema de um trabalho acadêmico defendido em banca na universidade.
"A imprensa mineira é totalmente favorável ao governador Aécio Neves. Nunca li ou ouvi nenhuma crítica, nenhuma matéria investigativa, nenhuma denúncia na área da saúde, fazenda, arrecadação ou educação", diz o presidente do sindicato mineiro dos jornalistas, Aloísio Lopes. "O governador está blindado na mídia. Ninguém fala mal. Tenho recebido de repórteres a informação de que há orientação para não se questionar o governo."
O jornalista Josemar Gimenez, diretor de redação de "O Estado de Minas", contesta: "Não existe nenhum esquema de blindagem com relação ao governo Aécio Neves. O jornal não tem o menor compromisso com este ou aquele governo. Tem ganho prêmios importantes na linha de investigação, trabalha com isenção. Isso [a alegação de blindagem] faz parte do jogo político", afirma Gimenez.
Em 2004, o sindicato pediu ao Ministério Público Federal a apuração de suposta interferência do governo estadual em veículos de comunicação, atribuindo o afastamento de alguns jornalistas a pedido da jornalista Andrea Neves, irmã do governador e então coordenadora do Grupo Técnico de Comunicação do Governo.
O jornal "Pauta", do sindicato, divulgou em 2004 desmentido da jornalista Andrea Neves: "O governo de Minas jamais pediu a cabeça de qualquer jornalista e nunca interferiu na linha editorial dos veículos de comunicação social do Estado".
Em entrevista ao sindicato, ela confirmou haver feito reclamação à direção da TV Globo, no Rio, pelo não-cumprimento de acordo para que o governador participasse de uma entrevista, sem perguntas pré-gravadas. Durante o programa, foram feitas perguntas gravadas com deputados da oposição e lideranças dos servidores públicos. O jornalista responsável pelo programa foi transferido de Minas Gerais, mas, segundo ela disse ao sindicato, foi decisão interna da empresa.
Esse episódio e as demissões de outros jornalistas, atribuídas a críticas que fizeram ao governo Aécio, foram tema do vídeo documentário "Liberdade, essa palavra", projeto final do curso de jornalismo da UFMG defendido por Marcelo Baêta e apresentado em junho no Fórum Mineiro de Professores de Jornalismo. (FV)


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