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FISCO EM GUERRA
Secretário afirma que não pode falar sobre as investigações
Rachid descarta se demitir apesar da crise na Receita
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário da Receita Federal,
Jorge Rachid, disse ontem que
não pretende pedir demissão do
cargo. Ele afirmou que não pode
falar sobre as investigações que
estão expondo a cúpula da Receita nos últimos dias porque as informações são sigilosas.
"Eu tenho que preservar o sigilo. É uma coisa que nós [auditores] aprendemos na nossa formação", disse. Rachid reiterou que
vai tomar medidas administrativas e judiciais contra o vazamento
de informações da Receita.
Rachid vem sendo investigado
pelo corregedor-geral da Receita,
Moacir Leão, juntamente com um
ex-assessor de seu gabinete, Sandro Martins.
Ontem, a Folha mostrou gravações telefônicas nas quais auxiliares do secretário aparecem pedindo uma ação mais "enérgica"
contra o corregedor. Esses assessores teriam ficado irritados com
a divulgação das investigações sobre Rachid pelo corregedor.
Interlocutores do secretário disseram ontem que ele está tranquilo em relação ao conteúdo das
gravações. Segundo eles, Rachid
avalia que os diálogos mostram a
preocupação com a sua defesa e a
defesa da própria Receita.
Para esses assessores, Rachid está seguro em relação ao apoio do
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda). O ministro não estaria
falando sobre a crise entre a corregedoria e a direção da Receita por
acreditar que o conflito será resolvido internamente.
Na semana passada, pelo menos
três senadores pediram ao ministro que comentasse a crise da Receita durante audiência na Comissão de Constituição e Justiça.
Palocci fingiu que não ouviu as
duas primeiras tentativas, mas, na
terceira, disse: "Falo quando necessário, quando as minhas palavras são mais valorosas que o meu
silêncio. O processo está andando, naturalmente. Nós estamos
muito seguros de que estamos no
caminho certo".
Ontem, a assessoria do ministro
da Fazenda informou que ele não
faria nenhum comentário sobre
as novas gravações reveladas pela
Folha, em que até o secretário da
Receita foi captado por grampo
autorizado judicialmente.
Há uma semana, o secretário-adjunto de Rachid Leonardo
Couto pediu demissão depois que
gravações telefônicas suas foram
divulgadas. Nas gravações, ele fala
com outro auditor sobre a atuação do corregedor.
Os auxiliares do secretário da
Receita acreditam que o próprio
corregedor está por trás dos vazamentos de gravações feitas pela
Polícia Federal. Mas Leão tem negado as acusações.
Rachid está sendo investigado
por causa de uma autuação de R$
1,1 bilhão feita contra a construtora OAS em 1994. A empresa recorreu administrativamente contra o
pagamento e conseguiu reduzir a
multa para R$ 25 milhões no Conselho de Contribuintes da Receita.
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