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São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 2003

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FISCO EM GUERRA

Secretário afirma que não pode falar sobre as investigações

Rachid descarta se demitir apesar da crise na Receita

SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, disse ontem que não pretende pedir demissão do cargo. Ele afirmou que não pode falar sobre as investigações que estão expondo a cúpula da Receita nos últimos dias porque as informações são sigilosas.
"Eu tenho que preservar o sigilo. É uma coisa que nós [auditores] aprendemos na nossa formação", disse. Rachid reiterou que vai tomar medidas administrativas e judiciais contra o vazamento de informações da Receita.
Rachid vem sendo investigado pelo corregedor-geral da Receita, Moacir Leão, juntamente com um ex-assessor de seu gabinete, Sandro Martins.
Ontem, a Folha mostrou gravações telefônicas nas quais auxiliares do secretário aparecem pedindo uma ação mais "enérgica" contra o corregedor. Esses assessores teriam ficado irritados com a divulgação das investigações sobre Rachid pelo corregedor.
Interlocutores do secretário disseram ontem que ele está tranquilo em relação ao conteúdo das gravações. Segundo eles, Rachid avalia que os diálogos mostram a preocupação com a sua defesa e a defesa da própria Receita.
Para esses assessores, Rachid está seguro em relação ao apoio do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda). O ministro não estaria falando sobre a crise entre a corregedoria e a direção da Receita por acreditar que o conflito será resolvido internamente.
Na semana passada, pelo menos três senadores pediram ao ministro que comentasse a crise da Receita durante audiência na Comissão de Constituição e Justiça.
Palocci fingiu que não ouviu as duas primeiras tentativas, mas, na terceira, disse: "Falo quando necessário, quando as minhas palavras são mais valorosas que o meu silêncio. O processo está andando, naturalmente. Nós estamos muito seguros de que estamos no caminho certo".
Ontem, a assessoria do ministro da Fazenda informou que ele não faria nenhum comentário sobre as novas gravações reveladas pela Folha, em que até o secretário da Receita foi captado por grampo autorizado judicialmente.
Há uma semana, o secretário-adjunto de Rachid Leonardo Couto pediu demissão depois que gravações telefônicas suas foram divulgadas. Nas gravações, ele fala com outro auditor sobre a atuação do corregedor.
Os auxiliares do secretário da Receita acreditam que o próprio corregedor está por trás dos vazamentos de gravações feitas pela Polícia Federal. Mas Leão tem negado as acusações.
Rachid está sendo investigado por causa de uma autuação de R$ 1,1 bilhão feita contra a construtora OAS em 1994. A empresa recorreu administrativamente contra o pagamento e conseguiu reduzir a multa para R$ 25 milhões no Conselho de Contribuintes da Receita.



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