São Paulo, quarta-feira, 13 de outubro de 2004

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SP ainda quer apoio; PT federal reavalia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O indiciamento de Paulo Maluf (PP) ontem levou a avaliações divergentes do PT nacional e do comando paulistano da campanha de Marta Suplicy sobre o apoio do ex-prefeito à candidata. Enquanto a cúpula federal acredita que a adesão do candidato derrotado mais atrapalha que ajuda, os petistas de São Paulo mantêm a filosofia de que apoio não se recusa.
O presidente nacional do PT, José Genoino, disse ontem que a direção do partido não fará movimentos para ter a declaração de voto de Maluf a favor de Marta no segundo turno da eleição.
"Nós queremos o voto dos malufistas. Não vamos fazer gestão para ele [Maluf] declarar o voto", foi a explicação de Genoino ao ser indagado ontem, pela Folha, se o apoio de Maluf ainda é desejado.
Genoino fez questão de dizer que não pretendia fazer nenhum ataque: "Sempre vou dizer que queremos os votos malufistas".
Na cúpula do PT nacional é dado como mau negócio o apoio explícito de Maluf. A situação piorou ontem porque o ex-prefeito foi indiciado sob acusação de lavagem de dinheiro, entre outros crimes. Para alguns petistas, o voto aberto de Maluf não só traria pouco ou nenhum malufista, como haveria risco de perda de votos de petistas mais à esquerda.
Ocorre que uma parcela do PT paulistano e a cúpula nacional do PP pressionam Maluf para declarar seu voto a Marta.
Diferentemente do pensamento da cúpula nacional do PT, entre petistas de São Paulo muitos acreditam que o apoio explícito ajudará na conquista de mais votos malufistas. O indiciamento, avaliam, é apenas mais uma acusação a pesar contra o ex-prefeito. Como argumento, citam o apoio a Mário Covas (PSDB, morto em 2001) em 1994, quando já havia contra Maluf uma condenação judicial.
Apesar de não temer um efeito negativo, a cúpula do PT paulistano não cogita colocar o pepista na TV, ao menos agora.
A direção do PP acha que o voto aberto de Maluf aumentará o cacife da sigla em Brasília -poderia exigir do Planalto mais benesses para sua bancada de deputados.
A Folha perguntou a Maluf o que achava da declaração ambígua de Genoino. Foi seco ao responder: "Não vou comentar".
O presidente nacional do PT reconhece que é muito difícil herdar os votos malufistas. Segundo o Datafolha, 70% dos eleitores de Maluf no primeiro turno (foram 734.580) preferem José Serra (PSDB). Só 13% disseram ter intenção de votar em Marta.
"Estamos intensificando a campanha na Vila Maria, onde ele [Maluf] tem seu reduto. Mas eu sei como é a situação. Vivi isso em 2002. O voto malufista de classe média e de classe alta é muito difícil de vir para o PT", disse.
A idéia dos petistas é conquistar os malufistas de baixa renda. "A classe alta malufista não vem nem a pau. É mais anti-PT do que o PSDB", diz Genoino.

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