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CRIME ORGANIZADO
Políticos do país, principalmente o ex-ditador Desi Bouterse, estariam envolvidos com tráfico
CPI inclui Suriname em investigações
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
A CPI do Narcotráfico incluiu o Suriname nas investigações que irá realizar até abril de 2000
para apurar o suposto envolvimento de políticos
daquele país com o narcotráfico.
O principal acusado é o ex-ditador Desi Bouterse, cuja prisão foi
pedida no ano passado pelo governo da Holanda a 32 países, inclusive o Brasil. O STF (Supremo
Tribunal Federal) expediu mandado de prisão contra ele.
Bouterse preside o NDP, partido que elegeu em 1996 o atual presidente do Suriname, Jules Wijdenbosch. É candidato favorito
nas eleições que acontecerão em
maio do ano que vem.
"Esse problema do Suriname
envolve uma questão diplomática
que somente uma CPI poderá enfrentar", disse o relator da comissão, Moroni Torgan (PFL-CE).
O Suriname é ex-colônia holandesa e fica na Amazônia. Faz fronteira com Pará e Amapá. O país é
apontado pela Polícia Federal como nova rota de tráfico de drogas
para a Europa por meio de vôos e
navios para a Holanda.
As suspeitas da PF sobre o Suriname aumentaram neste ano por
causa da apreensão de um avião
no Pará com armas que seriam
destinadas aos grupos guerrilheiros da Colômbia, principal produtor de cocaína.
Em setembro, a PF apreendeu
700 kg de cocaína, a maior
apreensão deste ano, em uma fazenda no sul do Pará. Isso reforçou a tese da nova rota pelo Suriname, pois as grandes apreensões
eram feitas antes no Centro-Oeste, onde os pequenos aviões vindos da Colômbia se abasteciam
para seguir viagem em direção a
São Paulo ou ao Rio de Janeiro.
Golpe
Ex-comandante das Forças Armadas do Suriname, Bouterse comandou golpe de Estado em 1980
e dirigiu o país até 1987.
Mais tarde, o país foi redemocratizado e ele passou a controlar
o NDP, o maior partido surinamês. No atual governo, Bouterse
já foi conselheiro de Estado.
"Se ele aparecer no Brasil, vamos ver se Bouterse será preso",
disse à Folha o embaixador do
Suriname, Rupert Christopher.
Além de ser filiado ao NDP, ele
disse que é amigo do ex-ditador.
Talvez por isso Christopher tenha contratado para trabalhar na
embaixada um dos filhos do ex-ditador, segundo Torgan. Dino
Bouterse foi funcionário da embaixada até março, disse.
"O deputado tem de respeitar a
soberania do Suriname e não tem
de se importar com quem a embaixada contrata ou deixa de contratar", reclamou o embaixador,
sem querer dar sua opinião pessoal sobre as acusações feitas contra o ex-ditador.
José Gerardo Grossi, advogado
de Bouterse, disse que ele está
sendo acusado por "testemunhas
anônimas" descobertas pela polícia holandesa. "Esse tipo de testemunha só existe na Holanda. Só o
juiz sabe o que ela disse."
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