São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 2005

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"MENSALÃO"/ NOVAS CONEXÕES

Comissão aponta saques em dinheiro da conta da Guaranhuns e investigará eventual ligação de ex-dono da empresa com o PSDB

CPI identifica R$ 13 mi em retiradas em 2001

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Correios localizou saques em dinheiro vivo de R$ 13,3 milhões num período de dez meses em uma conta da empresa Guaranhuns, a mesma usada para repassar mais de R$ 6 milhões do caixa dois do PT operado pelo publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza.
Concentrados no período que vai de 6 de fevereiro a 18 de dezembro de 2001, os saques foram feitos mediante cheques endossados pelo economista Lucio Bolonha Funaro da conta da Guaranhuns na agência matriz do BCN, em São Paulo. A CPI tenta agora rastrear o destino do dinheiro, tarefa que os saques em espécie tornam mais complicada.
A CPI também investiga eventual ligação de Funaro com a arrecadação de fundos para campanhas do PSDB.
Ontem, Funaro negou ter feito saques de R$ 13 milhões em 2001. Ele disse que "pode ter feito" alguns saques em espécie, mas que não teriam atingido esse valor.
O economista confirmou ser amigo de Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor do Banco do Brasil e arrecadador de fundos da primeira campanha eleitoral de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Ele insiste que "nunca" trabalhou com qualquer órgão público, incluindo o BB.
O economista afirmou ser amigo de "outros políticos", mas se recusou a citar os nomes.
"Isso [a CPI] está virando uma comédia. É uma brincadeira. Nunca fiz saques de R$ 13 milhões. Não tenho nenhum negócio com órgãos públicos", disse.
Funaro fundou a empresa Guaranhuns em 1999 e a repassou em 2001 para o corretor José Carlos Batista. Entre fevereiro e agosto de 2003, a Guaranhuns recebeu cerca de R$ 6,3 milhões do esquema de caixa dois montado pelo ex-tesoureiro nacional do PT Delúbio Soares e por Valério. O dinheiro, segundo depoimentos de ambos, tinha como destino final pagamentos de dívidas de campanha do PL.
Funaro disse não ter nenhuma responsabilidade sobre as atividades da Guaranhuns após ter deixado a empresa, em 2001. O economista entrou com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal para tentar suspender a quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.


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