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REGIME MILITAR
Governo Lula irá pedir perdão formal a moradores do Araguaia
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Em nome do governo Lula,
a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça pedirá
formalmente à população da
região do Araguaia (sul e sudeste do Pará, norte do Tocantins e sul do Maranhão)
desculpas pelos atos cometidos por militares brasileiros
na primeira metade dos anos
70, durante o combate à
guerrilha do PC do B que
atuava na área.
O pedido de perdão será
manifestado no município
de São Domingos do Araguaia (PA) nos próximos dias
25 e 26 pelo presidente da
comissão, Paulo Abrão Júnior, e pelos seis conselheiros que analisam os requerimentos de indenização apresentados, até agora, por 240
moradores do Araguaia.
Os habitantes alegam, entre outras coisas, terem sido
espancados, torturados,
mantidos em cárcere privado e em regime de semi-escravidão pelas tropas do
Exército, Marinha e Aeronáutica que ocuparam a área.
Queixam-se também de ter
tido imóveis e terras confiscadas pelos militares.
Não está definido quantos
requerentes terão direito a
indenização. Abrão Júnior
disse que em cerca de 120
processos já "está mais do
que comprovado" que os militares cometeram os crimes
descritos nos depoimentos
tomados em setembro passado, durante uma primeira
visita ao Araguaia.
De acordo com Abrão Júnior, a audiência em São Domingos do Araguaia simbolizará o perdão pelas "atrocidades e barbaridades" que,
em nome dos governos da
época -dos presidentes
Emílio Garrastazu Médici e
Ernesto Geisel, ambos generais-, funcionários públicos
cometeram para acabar com
o foco guerrilheiro que agia
na região conhecida como
Bico do Papagaio, até então
uma área inóspita de selva.
Os valores a serem pagos e
a quantidade inicial de indenizações ainda estão em discussão pela equipe da Comissão de Anistia. É possível
que 40 casos sejam anunciados na ida ao Araguaia. Como
parte dos pedidos não está
devidamente documentada,
as principais provas são os
depoimentos dos requerentes e de testemunhas.
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