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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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JANIO DE FREITAS

Velhos conhecidos

Dois parágrafos de gênero muito conhecido, pelo sentido e pela forma, dos que viveram os anos da ditadura:
"Nas últimas semanas, têm participado de atividades, com discursos e declarações bastante hostis à Revolução e ao governo, além de participarem na organização de atos públicos, para manifestações contrárias aos projetos apresentados pelo governo".
"Não apenas estão realizando reuniões, mas continuam, até o presente momento, em articulações com lideranças e dirigentes de outros partidos que vêm se posicionando claramente como contrários à atuação da Revolução e do governo federal".
Seguiam-se as assinaturas dos coronéis ou ministros algozes.
Bastará, no primeiro parágrafo, substituir a palavra Revolução por partido e, no segundo, Revolução por PT - e temos os dois parágrafos fundamentais da representação em que a Executiva Nacional do PT se baseou para determinar processo disciplinar, com o propósito de expulsão, de três dos parlamentares que não concordam com o projeto de "reforma" previdenciária do governo.
Os dois parágrafos expressaram os votos dos senadores Aloizio Mercadante e Tião Viana, da prefeita Marta Suplicy e do deputado Jorge Bittar, acompanhados por nove não-parlamentares, entre os quais Silvio Pereira, assessor destacado do ministro José Dirceu.

Negativo
Talvez se salve um pequeno trecho na representação contra os deputados, quando os acusa de estarem "expondo o partido e seus dirigentes de forma bastante negativa na mídia".
Quem lançou o PT nessa encrenca pública e negativa foi, na realidade, o seu presidente, José Genoino, cuja incompetência espalhafatosa para lidar com a discordância promete novos e próximos espetáculos.
Mas, de volta à possível utilidade do trecho, será pela preocupação com a imagem negativa que estão em curso certos acordos globais de governo e mídia, para o trânsito, entre uma parte e outra, de dinheiro público em troca de propaganda?
Não, a motivação dos acordos não deve ser aquela. Seria muito grande a desproporção entre o pequeno efeito negativo e o gasto para repará-lo. O acordo é apenas mais uma das iniciativas do governo para preservar a ambiente e as alianças que adotou do seu antecessor.

Cenário novo
O atentado na Arábia Saudita, com tantos americanos mortos, mais do que anula os efeitos, nos Estados Unidos, da ocupação do Iraque de Saddam Hussein. Põe em questão a estratégia de Bush, no momento mesmo em que ele faz as preliminares para lançamento de sua recandidatura.


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