São Paulo, domingo, 14 de maio de 2006

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"VALERIODUTO"

Ex-ministro revela a procurador que Dirceu favoreceu BMG, afirma revista

DA REDAÇÃO

Reportagem publicada na edição da revista "IstoÉ" que começou a circular ontem afirma que o ex-ministro da Previdência Amir Lando encontrou-se com o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, para denunciar um favorecimento deliberado ao banco BMG, articulado pela Casa Civil, então comandada pelo petista José Dirceu.
O BMG emprestou R$ 26 milhões às empresas do publicitário Marcos Valério de Souza. O dinheiro teria financiado parte do esquema de repasse de recursos a políticos da base aliada. Lando, hoje senador pelo PMDB-RO, disse a Souza, segundo a "IstoÉ", que a negociação que permitiu ao BMG ser o único banco ao lado da Caixa Econômica Federal a operar o crédito consignado a aposentados e pensionistas por dois meses -o que contribuiu para elevar os lucros do banco de R$ 90,2 milhões em 2003 para R$ 275,3 milhões em 2004- foi articulada na Casa Civil. Ele disse que a execução do negócio ficou a cargo do então presidente do INSS, Carlos Bezerra. Procurado pela "IstoÉ", Bezerra confirmou o papel de Dirceu. "Tudo era acertado na Casa Civil", disse ele.
A operação é um dos alvos da segunda fase da investigação do procurador-geral sobre o mensalão. A investigação envolve o presidente Lula, pois, em 13 de agosto de 2004, ele assinou decreto permitindo que outros bancos, que não os responsáveis pelos pagamentos dos benefícios da Previdência, operassem o crédito consignado. Treze dias depois, o BMG assinou convênio. O BMG nega favorecimento e sustenta que já liderava esse segmento desde 2001 -antes do governo Lula.
Esta não é a primeira denúncia que liga Dirceu ao BMG. Em depoimento à CPI dos Correios, o presidente do banco, Ricardo Guimarães, confirmou ter dado um emprego na instituição a Maria Ângela Saragoça, ex-mulher de Dirceu, a pedido de Valério.
Guimarães disse que Valério intermediou encontro com Dirceu em fevereiro de 2003. Três dias antes, o banco emprestara R$ 2,4 milhões ao PT. No dia 24, faria o primeiro empréstimo a Valério (R$ 12 milhões). A Folha não conseguiu falar com Lando nem com outros citados na reportagem.


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