São Paulo, sexta-feira, 14 de maio de 2010

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Supremo recebe ação sobre empresa de Alencar

Perícia da PF afirma que Coteminas fraudou leilão de algodão em 2000; vice-presidente e seu filho negam

LUCAS FERRAZ
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Supremo Tribunal Federal recebeu na semana passada um inquérito sobre uma transação comercial com indícios de fraude feita em 2000 pela Coteminas, então presidida pelo vice-presidente José Alencar. A Polícia Federal investigou o caso.
Em 2002, a Folha revelou que havia a suspeita de que a Coteminas teria burlado um leilão de compra de algodão feito pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), ligada ao Ministério da Agricultura, em 2000 em Mato Grosso.
O caso voltou à tona agora devido a uma perícia feita pela Polícia Federal do Mato Grosso que, segundo informou a Direção Geral da PF, confirma que a operação foi fraudulenta. Segundo a polícia e a Procuradoria da República no Estado, as suspeitas são de "formação de quadrilha e estelionato".
José Alencar e seu filho Josué Gomes da Silva, que preside a Coteminas desde o fim de 2002, negam qualquer irregularidade na compra do algodão.
Como José Alencar tem foro no STF, a investigação foi parar na Corte. O caso foi distribuído no início da semana para o ministro Carlos Ayres Britto, que remeteu o inquérito anteontem à Procuradoria Geral da República, que vai decidir se dará continuidade à apuração.
Pelo fato de o leilão envolver a Conab, uma empresa pública, a Coteminas já havia sido investigada, no fim de 2002 e em 2003, pela CGU (Controladoria Geral da União). Nas duas ocasiões, o caso foi arquivado sob argumento de nenhuma irregularidade foi encontrada.
Insatisfeito, o então deputado Alberto Goldman (PSDB), atual governador de São Paulo, enviou em agosto de 2003 a acusação para a Procuradoria da República em Mato Grosso.
A investigação tramitou na Procuradoria até dezembro de 2007, quando chegou à PF. O inquérito, instaurado em 2008, só foi concluído em setembro passado e enviado ao juiz da 1ª Vara Federal de Cuiabá, Julier Sebastião da Silva. Em março, a Procuradoria requereu que o caso fosse para o STF.
José Alencar negou fraude na compra de algodão e disse ter ficado "chateado": "São coisas, obviamente, que chateiam muito. Mas temos que enfrentar tudo isso com serenidade e transparência", afirmou.
O atual presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, filho do vice-presidente, defendeu todas as operações realizadas pela empresa. Disse ainda que o pai não figura como investigado: "Lá atrás foi coisa política. Hoje não posso acreditar". Segundo ele, a Coteminas providenciou todos os documentos para o leilão e que tudo ocorreu "dentro da legalidade".


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