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Supremo recebe ação sobre empresa de Alencar
Perícia da PF afirma que Coteminas fraudou leilão de algodão em 2000; vice-presidente e seu filho negam
LUCAS FERRAZ
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Supremo Tribunal Federal
recebeu na semana passada um
inquérito sobre uma transação
comercial com indícios de fraude feita em 2000 pela Coteminas, então presidida pelo vice-presidente José Alencar. A Polícia Federal investigou o caso.
Em 2002, a Folha revelou
que havia a suspeita de que a
Coteminas teria burlado um
leilão de compra de algodão feito pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), ligada ao Ministério da Agricultura, em 2000 em Mato Grosso.
O caso voltou à tona agora
devido a uma perícia feita pela
Polícia Federal do Mato Grosso
que, segundo informou a Direção Geral da PF, confirma que
a operação foi fraudulenta. Segundo a polícia e a Procuradoria da República no Estado, as
suspeitas são de "formação de
quadrilha e estelionato".
José Alencar e seu filho Josué Gomes da Silva, que preside a Coteminas desde o fim de
2002, negam qualquer irregularidade na compra do algodão.
Como José Alencar tem foro
no STF, a investigação foi parar
na Corte. O caso foi distribuído
no início da semana para o ministro Carlos Ayres Britto, que
remeteu o inquérito anteontem à Procuradoria Geral da
República, que vai decidir se
dará continuidade à apuração.
Pelo fato de o leilão envolver
a Conab, uma empresa pública,
a Coteminas já havia sido investigada, no fim de 2002 e em
2003, pela CGU (Controladoria Geral da União). Nas duas
ocasiões, o caso foi arquivado
sob argumento de nenhuma irregularidade foi encontrada.
Insatisfeito, o então deputado Alberto Goldman (PSDB),
atual governador de São Paulo,
enviou em agosto de 2003 a
acusação para a Procuradoria
da República em Mato Grosso.
A investigação tramitou na
Procuradoria até dezembro de
2007, quando chegou à PF. O
inquérito, instaurado em 2008,
só foi concluído em setembro
passado e enviado ao juiz da 1ª
Vara Federal de Cuiabá, Julier
Sebastião da Silva. Em março, a
Procuradoria requereu que o
caso fosse para o STF.
José Alencar negou fraude
na compra de algodão e disse
ter ficado "chateado": "São coisas, obviamente, que chateiam
muito. Mas temos que enfrentar tudo isso com serenidade e
transparência", afirmou.
O atual presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva,
filho do vice-presidente, defendeu todas as operações realizadas pela empresa. Disse ainda
que o pai não figura como investigado: "Lá atrás foi coisa
política. Hoje não posso acreditar". Segundo ele, a Coteminas
providenciou todos os documentos para o leilão e que tudo
ocorreu "dentro da legalidade".
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