São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2007

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STF diz que improbidade não se aplica a presidente e ministros

Decisão foi bastante apertada, apenas um voto de diferença, e Supremo já sinalizou que pode julgar em sentido oposto na apreciação de novos recursos

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu ontem que autoridades públicas, como ministros de Estado e presidente da República, não podem ser alvo de processos por improbidade administrativa. O tribunal, ao mesmo tempo, sinalizou que deverá julgar em sentido oposto na apreciação de novos recursos.
O plenário do STF arquivou ação na qual o ex-ministro de Ciência e Tecnologia do governo FHC Ronaldo Sardenberg fora condenado. Entretanto foi uma votação dividida, em que a maioria venceu por apenas um voto, e, dos seis votos vencedores, três são de ministros já aposentados. Na corrente minoritária, houve o voto de um aposentado.
A posição dos 11 atuais ministros do STF sobre a essa modalidade de "blindagem" das autoridades do Executivo só será conhecida quando forem julgados novos recursos semelhantes a esse. A tendência é que eles decidam no sentido oposto.
Os ministros disseram que a sentença já é definitiva, sem possibilidade de anulação, e não julgaram o mérito, mas dois ministros que não votaram no caso de Sardenberg sinalizaram que são a favor da aplicação da Lei de Improbidade (nš 8.429) a agentes públicos. São eles Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Britto.
Sardenberg fora condenado em 2002 pela Justiça Federal à suspensão dos direitos políticos por oito anos por uso de avião oficial para viagens de passeio a Fernando de Noronha, Salvador e Ilhéus.
Ontem, por seis votos contra cinco, o STF decidiu que as autoridades não respondem por improbidade, mas apenas por crimes comuns e de responsabilidade. A decisão não vale para deputados e senadores.
Representantes do Ministério Público dizem que o esvaziamento dessa lei implicará a anulação de milhares de processos e estimulará a impunidade no meio político.
Se essa decisão de ontem do STF for confirmada em novos julgamentos, procuradores e promotores que atuam na primeira instância perderão a possibilidade de processar autoridades por improbidade.
A questão é polêmica e está em discussão no STF há cinco anos. Em uma das sessões em que entrou em pauta, o ministro Gilmar Mendes acusou os procuradores de fazerem uso político dessa ação.


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