São Paulo, sábado, 14 de junho de 2008

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Interceptações revelam suposta divisão de propina na residência oficial do governo

LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Interceptações telefônicas realizadas pela Polícia Federal na Operação Hígia, que prendeu ontem 13 pessoas no Rio Grande do Norte e na Paraíba, revelam uma suposta partilha de propina dentro da residência oficial da governadora Wilma de Faria (PSB-RN).
A PF, em seu relatório, não aponta indícios da participação da governadora.
Segundo a Folha apurou, policiais federais monitoraram um pagamento, em duas parcelas, feito por João Henrique Lins Bahia Neto, secretário-adjunto de Esportes do Rio Grande do Norte, a Lauro Maia, filho da governadora Wilma de Faria, ex-assessor do pai, o deputado estadual Lavoisier Maia (PSB), e do deputado federal Rogério Marinho (PSB-RN).
Em março, Bahia Neto viajou a João Pessoa, onde esteve na empresa Líder, acusada de integrar esquema que desviava recursos públicos. Segundo a investigação, Bahia Neto entrou e saiu da empresa com uma pasta debaixo do braço. Os policiais chegaram a parar o secretário-adjunto e questioná-lo sobre o dinheiro na pasta (supostamente recebido na empresa), mas ele foi liberado em seguida. No dia seguinte, já em Natal, ele conversa por telefone com Lauro Maia e diz que precisa entregar "algo" a ele.
O encontro aconteceu na residência oficial da governadora (Maia não mora com a mãe), onde o secretário Bahia Neto adentrou com a mesma pasta nas mãos. A suspeita é que a primeira parcela do pagamento, de R$ 35,9 mil, tenha ocorrido ali. A segunda, estimada no mesmo valor, foi paga em abril, mas, dessa vez, segundo a PF, o encontro entre os dois teria ocorrido na casa de Bahia Neto.
No relatório da PF, contudo, não há prova nem indício da participação de Wilma de Faria e do deputado estadual Lavoisier Maia no esquema, mas suspeita-se que um deputado estadual (que não teve o nome revelado) teria se reunido com um dos presos na operação para conversar sobre o esquema. A investigação continuará com base nos documentos e computadores apreendidos.
A PF também apreendeu veículos de luxo (15 carros e duas motos), como um Jaguar e uma moto Yamaha R1, além de R$ 260 mil em espécie. Do total, R$ 120 mil estavam escondidos numa parede falsa na empresa Prest-Service, em Natal.


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