São Paulo, sábado, 14 de junho de 2008

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Prefeito de Juiz de Fora é flagrado recebendo propina de empresário

Em uma filmagem, Bejani cita o nome de José Dirceu, que nega envolvimento

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Gravações que mostram o prefeito de Juiz de Fora (MG), Carlos Alberto Bejani (PTB), recebendo dinheiro de um empresário do transporte coletivo, apreendidas em abril pela Polícia Federal na Operação Pasárgada, complicam a vida do prefeito e levantam suspeita de envolvimento dele com o ex-ministro José Dirceu.
Em uma das gravações, de 10 de maio de 2006 (data que aparece no vídeo), Bejani diz que estava de saída para Belo Horizonte, onde teria encontro com Dirceu para tratar da liberação de R$ 70 milhões para obra na cidade, valor que resultaria em comissão de R$ 7 milhões. As imagens foram divulgadas no site da revista "Época".
Por conta das gravações, a PF investigará essa suspeita, o que poderá levar a um inquérito específico. O delegado Alexandre Moretti disse, contudo, que por enquanto o foco é a Operação Pasárgada, que apura desvios de recursos de prefeituras. A investigação envolve juízes e servidores da Justiça Federal.
Nas duas gravações, Bejani aparece rodeado de maços e pacotes de dinheiro, conversando com o empresário Francisco Carapinha, o Bolão -que teria sido o autor das filmagens.
Na gravação em que o nome de Dirceu é citado, o prefeito diz a Bolão: "Tenho reunião com José Dirceu [às] 3h, em Belo Horizonte. Tô liberando R$ 70 milhões. Sabe quanto isso dá de comissão? R$ 7 milhões de comissão".
Dirceu esteve na capital mineira em 10 de maio de 2006. Ele já não era ministro nem deputado federal.
Segundo a "Época", 50 dias após essa data, o ministro das Cidades, Márcio Fortes, foi a Juiz de Fora para assinar contrato de R$ 70 milhões para obras, sendo R$ 6,3 milhões de contrapartida da prefeitura. Em seu blog, Dirceu negou ontem envolvimento no caso. Afirmou estar "indignado" com a "acusação infame e vil de que possa ter participado de qualquer trato para liberar recursos em troca de propina".
Os DVDs foram apreendidos no gabinete de Bejani -que foi preso novamente anteontem. À PF, segundo seu advogado, Marcelo Leonardo, disse que as fitas são uma "simulação". Segundo Leonardo, foi a forma que Bejani encontrou para forjar uma prova contra ele próprio apenas para tentar vender a um outro empresário que estava tentando prejudicá-lo politicamente. A idéia era filmar a venda para esse empresário e depois denunciar. Bejani negou na PF o encontro com Dirceu.
Na primeira vez que Bejani foi preso, em abril, a PF encontrou R$ 1,12 milhão em dinheiro vivo na casa do prefeito. A nova prisão ocorreu por suspeita de origem ilícita do dinheiro.


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