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Prefeito de Juiz de Fora é flagrado recebendo propina de empresário
Em uma filmagem, Bejani cita o nome de José Dirceu, que nega envolvimento
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO
HORIZONTE
Gravações que mostram o
prefeito de Juiz de Fora (MG),
Carlos Alberto Bejani (PTB),
recebendo dinheiro de um empresário do transporte coletivo,
apreendidas em abril pela Polícia Federal na Operação Pasárgada, complicam a vida do prefeito e levantam suspeita de envolvimento dele com o ex-ministro José Dirceu.
Em uma das gravações, de 10
de maio de 2006 (data que aparece no vídeo), Bejani diz que
estava de saída para Belo Horizonte, onde teria encontro com
Dirceu para tratar da liberação
de R$ 70 milhões para obra na
cidade, valor que resultaria em
comissão de R$ 7 milhões. As
imagens foram divulgadas no
site da revista "Época".
Por conta das gravações, a PF
investigará essa suspeita, o que
poderá levar a um inquérito específico. O delegado Alexandre
Moretti disse, contudo, que por
enquanto o foco é a Operação
Pasárgada, que apura desvios
de recursos de prefeituras. A
investigação envolve juízes e
servidores da Justiça Federal.
Nas duas gravações, Bejani
aparece rodeado de maços e pacotes de dinheiro, conversando
com o empresário Francisco
Carapinha, o Bolão -que teria
sido o autor das filmagens.
Na gravação em que o nome
de Dirceu é citado, o prefeito
diz a Bolão: "Tenho reunião
com José Dirceu [às] 3h, em
Belo Horizonte. Tô liberando
R$ 70 milhões. Sabe quanto isso dá de comissão? R$ 7 milhões de comissão".
Dirceu esteve na capital mineira em 10 de maio de 2006.
Ele já não era ministro nem deputado federal.
Segundo a "Época", 50 dias
após essa data, o ministro das
Cidades, Márcio Fortes, foi a
Juiz de Fora para assinar contrato de R$ 70 milhões para
obras, sendo R$ 6,3 milhões de
contrapartida da prefeitura.
Em seu blog, Dirceu negou ontem envolvimento no caso.
Afirmou estar "indignado" com
a "acusação infame e vil de que
possa ter participado de qualquer trato para liberar recursos
em troca de propina".
Os DVDs foram apreendidos
no gabinete de Bejani -que foi
preso novamente anteontem. À
PF, segundo seu advogado,
Marcelo Leonardo, disse que as
fitas são uma "simulação". Segundo Leonardo, foi a forma
que Bejani encontrou para forjar uma prova contra ele próprio apenas para tentar vender
a um outro empresário que estava tentando prejudicá-lo politicamente. A idéia era filmar a
venda para esse empresário e
depois denunciar. Bejani negou
na PF o encontro com Dirceu.
Na primeira vez que Bejani
foi preso, em abril, a PF encontrou R$ 1,12 milhão em dinheiro vivo na casa do prefeito. A
nova prisão ocorreu por suspeita de origem ilícita do dinheiro.
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