São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 2005

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Severino ameaça culpar Executivo pela crise e recua

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), solicitou o uso de cadeia de rádio e TV para dizer que a atual crise política não começou no Legislativo, mas sim no Executivo. O pronunciamento seria feito amanhã, mas ele recuou da intenção no final da noite de ontem e não marcou nova data.
Severino queria ir à TV e rádio devido à preocupação com o que considera um desgaste imerecido que a Câmara está sofrendo.
O suposto esquema do "mensalão" no Congresso tem como ponto central a acusação do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de que o PT pagava mensalidade a deputados do PP e do PL em troca de apoio político.
Na reunião de ontem com os integrantes da Mesa, Severino e alguns deputados ponderaram que boa parte dos expoentes da crise não pertencem ou pertenciam à Câmara quando as supostas irregularidades foram cometidas.
"José Dirceu [ex-ministro da Casa Civil, que reassumiu como deputado] era ministro, José Genoino [ex-presidente do PT] não é mais deputado, Delúbio Soares [ex-tesoureiro do PT] não é deputado, Marcos Valério [publicitário acusado de operar o suposto "mensalão"] não é deputado", disse um dos integrantes da Mesa.
Severino falaria ainda que a Câmara vem agindo de forma independente e que apesar do excesso de edição de medidas provisórias pelo governo, a Casa votou, segundo ele, projetos importantes no primeiro semestre.
Severino foi eleito para a presidência da Câmara em fevereiro ao derrotar surpreendentemente o candidato do governo, Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). Seria a primeira vez que ele falaria em cadeia de rádio e TV.

Publicidade
Ainda na reunião de ontem da Mesa ficou definido que o contrato de publicidade da Câmara com a agência SMPB de Marcos Valério, no valor de R$ 8,2 milhões, não só não será renovado como não deve haver nenhum outro contrato nos mesmos moldes.
A idéia é cancelar o contrato -que só venceria em dezembro- assim que o processo licitatório em curso for concluído. Encerrado o antigo, não será efetivado novo contrato. A atual Mesa avalia que a Câmara já possui mecanismos suficientes para fazer a comunicação com a população -rádio, TV, jornal, site e atendimento telefônico, entre outros-, sem necessidade da contratação de uma agência de publicidade.
Responsável pelo acerto com a agência durante a sua gestão (2003-2005), João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, solicitou à Mesa que envie as contas relativas à relação da Casa com a SMPB para análise no TCU (Tribunal de Contas da União).
A Mesa da Câmara também estabeleceu ontem o valor que irá cobrar pelo uso que agências aéreas, estatais e partidos políticos fazem gratuitamente do espaço da Câmara. Serão R$ 22 ao mês por metro quadrado. Segundo o primeiro-secretário, Inocêncio Oliveira (PMDB-PE), a Câmara irá arrecadar com o aluguel algo em torno de R$ 900 mil ao ano.


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