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Severino ameaça culpar Executivo pela crise e recua
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Câmara dos
Deputados, Severino Cavalcanti
(PP-PE), solicitou o uso de cadeia
de rádio e TV para dizer que a
atual crise política não começou
no Legislativo, mas sim no Executivo. O pronunciamento seria feito amanhã, mas ele recuou da intenção no final da noite de ontem
e não marcou nova data.
Severino queria ir à TV e rádio
devido à preocupação com o que
considera um desgaste imerecido
que a Câmara está sofrendo.
O suposto esquema do "mensalão" no Congresso tem como
ponto central a acusação do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de que o PT pagava mensalidade a deputados do PP e do PL
em troca de apoio político.
Na reunião de ontem com os integrantes da Mesa, Severino e alguns deputados ponderaram que
boa parte dos expoentes da crise
não pertencem ou pertenciam à
Câmara quando as supostas irregularidades foram cometidas.
"José Dirceu [ex-ministro da
Casa Civil, que reassumiu como
deputado] era ministro, José Genoino [ex-presidente do PT] não
é mais deputado, Delúbio Soares
[ex-tesoureiro do PT] não é deputado, Marcos Valério [publicitário acusado de operar o suposto
"mensalão"] não é deputado",
disse um dos integrantes da Mesa.
Severino falaria ainda que a Câmara vem agindo de forma independente e que apesar do excesso
de edição de medidas provisórias
pelo governo, a Casa votou, segundo ele, projetos importantes
no primeiro semestre.
Severino foi eleito para a presidência da Câmara em fevereiro ao
derrotar surpreendentemente o
candidato do governo, Luiz
Eduardo Greenhalgh (PT-SP). Seria a primeira vez que ele falaria
em cadeia de rádio e TV.
Publicidade
Ainda na reunião de ontem da
Mesa ficou definido que o contrato de publicidade da Câmara com
a agência SMPB de Marcos Valério, no valor de R$ 8,2 milhões,
não só não será renovado como
não deve haver nenhum outro
contrato nos mesmos moldes.
A idéia é cancelar o contrato
-que só venceria em dezembro- assim que o processo licitatório em curso for concluído. Encerrado o antigo, não será efetivado novo contrato. A atual Mesa
avalia que a Câmara já possui mecanismos suficientes para fazer a
comunicação com a população
-rádio, TV, jornal, site e atendimento telefônico, entre outros-,
sem necessidade da contratação
de uma agência de publicidade.
Responsável pelo acerto com a
agência durante a sua gestão
(2003-2005), João Paulo Cunha
(PT-SP), ex-presidente da Câmara, solicitou à Mesa que envie as
contas relativas à relação da Casa
com a SMPB para análise no TCU
(Tribunal de Contas da União).
A Mesa da Câmara também estabeleceu ontem o valor que irá
cobrar pelo uso que agências aéreas, estatais e partidos políticos
fazem gratuitamente do espaço
da Câmara. Serão R$ 22 ao mês
por metro quadrado. Segundo o
primeiro-secretário, Inocêncio
Oliveira (PMDB-PE), a Câmara
irá arrecadar com o aluguel algo
em torno de R$ 900 mil ao ano.
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